

DESCRITO POR J. A. WYLIE
- Naquele tempo ( no Século XVI ) havia um jovem ministro em Genebra, um nativo da Itália, e a ele a igreja dos Vales do Piemonte designou para o cargo perigoso mas honroso de ser ministro permanente na Calábria.
1. Seu nome era Jean Louis Paschale. Era natural de Coni, na planície do Piemonte. Pelo nascimento um romanista e sua primeira profissão foi a de soldado. Mas de um soldado ele se tornou num sentido mais verdadeiro do que Loyola, um soldado da cruz.
2. Havia apenas completado seus estudos teológicos em Lausanne.
3. Estava noivo de uma jovem piamontese protestante Camilla Guerina. - M'Crie, 324 "Alas!" com tristeza ela exclamou, quando ele lhe disse de sua viagem para a Calábria, "tão perto de Roma e tão longe de mim. " Eles se separaram e nunca mais se encontraram.
* O jovem ministro levou para a Calábria o espírito energético de Genebra.
1. Sua pregação era com poder.
2. O zelo e coragem do rebanho da Calábria foi reavivado, e a luz que antes estava debaixo do alqueire foi agora posta no velador. O esplendor dessa luz atraiu a ignorância e despertou o fanatismo da região.
3. Os sacerdotes que haviam tolerado a heresia, agora não mais podiam ficar calados.
4. O marquês Spinella que havia sido o protetor destes colonos até aqui, verificando que sua bondade foi mais que recompensada na florescente condição de sua província, foi compelido agora a persegui-los. "Esta coisa terrível, o Luteranismo" lhe foi dito, "chegou e logo destruiria todas as coisas. "
* O marquês convocou o pastor e seu rebanho perante ele. Após algumas palavras de Paschale;
1. O marquês despediu os membros da congregação com uma severa repreensão,
2. mas o pastor ele enviou à prisão de Foscalda.
3. O bispo da diocese tomou o assunto em suas mãos e removeu Paschale para a prisão de Cosenza, onde ele ficou confinado oito meses.
* O papa tomou conhecimento do caso, e delegou o cardial Alexandrino, inquisidor geral, para extinguir a heresia no reino de Nápoles. -Monastier, p. 205.
1. Alexandrino ordenou que Paschale fosse removido do castelo de Cozença, e levado para Nápoles. No caminho ele esteve sujeito a muito sofrimento. Preso em cordas junto a uma gangue de prisioneiros. Essas cordas apertadas abriram feridas em sua carne. Esteve nove dias na estrada, dormindo à noite sobre a terra fria. E a sua chegada em Nápoles foi enviado para uma prisão fria e úmida que quase o sufocou. - M'Crie, p. 325.
No dia 16 de maio de 1560, o pastor Paschale foi levado acorrentado para Roma, e posto na prisão na torre de Nona, onde foi posto numa cela não menos imunda daquela que havia ocupado em Nápoles.
Seu irmão Bartolomeu, tendo obtido cartas de recomendação, veio de Coni, para conseguir, se possível uma moderação de seu processo.
1. Foi muito horrível vê-lo com sua cabeça raspada, suas mãos e braços lacerados com pequenas cordas com que estava amarrado. Adiantando-me o abracei e caí no chão. Meu irmão, disse ele, "se és um cristão, por que te entristeces desta forma? Não sabes que não cai uma folha ao chão sem a vontade de Deus? Conforte-se em Jesus Cristo, pois os problemas presentes não se comparam com a glória do porvir?"
Seu irmão, um romanista, ofereceu-lhe metade de sua fortuna para ele se retratar e salvar sua vida. Contudo, mesmo a sua afeição fraternal não podia demovê-lo. "Oh! meu irmão"disse ele, "o perigo que estás envolvido me causa mais angústia do que tudo o que tenho sofrido. " - M'Crie, págs. 325-327.
* Paschale escreveu a sua noiva, onde minimizou o quadro de seu grande sofrimento, e abertamente expressa a afeição que sentia por ela, que cresce disse ele "com aquilo que eu sinto por Deus. "
* Tampouco esqueceu ele seu rebanho na Calábria. Em uma carta que lhes enviou,disse:
1. Minha condição é esta. Sinto uma crescente alegria cada dia, a medida que se aproxima a hora quando eu serei oferecido como um sacrifício agradável ao nosso Senhor Jesus Cristo, meu fiel Salvador. Sim tão grande é a minha alegria que me sinto livre do cativeiro, e eu estou preparado para morrer por Cristo, e não apenas uma vez, mas dez mil vezes se fosse possível.
Contudo, eu persevero em implorar a divina assistência pela oração, pois estou convencido que o homem é uma criatura miserável quando deixado a si mesmo, e não é sustentado e guiado por Deus. " M'Crie, págs, 326,327.
JULGAMENTO PERANTE O PAPA - SEU TESTEMUNHO E MORTE
Em Roma, segue avante o processo de julgamento do Pastor Jean Louis Paschale:
1. No dia 8 de Setembro de 1. 560, ele foi tirado da prisão e levado para o Convento della Minerva, e citado perante o tribunal papal.
2. Jean Louis Paschale confessou seu Salvador, e com semblante sereno que seus juízes não estavam acostumados, ele ouviu a sentença de morte, que foi executada no dia seguinte, ( 9 de Setembro de 1560 ).
3. No cume do monte Janiculum, reuniu-se uma vasta multidão de testemunhas para o espetáculo. O sino faz soar agora sua desolada melodia, como querendo dizer a todos os habitantes: “Que Roma está assentada como rainha. "Podia-se ver o gigantesco Coliseu, outrora palco do derramamento de sangue dos primitivos cristãos. Podia-se ver o Palatino, outrora a polícia que dirigia o mundo, agora em ruínas. Perto, brilhando como o sol do meio dia, está a orgulhosa cúpula da igreja de São Pedro, de um lado está o edifício da inquisição e do outro o dique de Adriano, e abaixo o rio Tiber continuava o seu curso.
Mas por que Roma guarda os dias santos? Por que faz soar os sinos? Eis que em cada rua e praça multidões são convocadas e se reúnem, cruzam a ponte de St. Angelo, e pressionando os portões da antiga fortaleza, a multidão entra.
4. Entrando na sala de julgamento do antigo castelo há um espetáculo imponente. Autoridades, Dignidades e grandezas! No centro está colocada uma cadeira ergue-se a autoridade e dignidade sobre o trono de reis. O pontífice Pio IV, tomou o seu lugar, e ele determinou estar presente na tragédia do dia. Atrás de sua cadeira em vestimenta de escarlate estão seus cardiais e conselheiros, com muitas outras autoridades e dignidade, assentados em círculos, de acordo com o lugar a eles destinados na corporação papal. Atrás dos eclesiásticos estão sentados, em filas, a nobreza e influentes personagens de Roma.
O átrio do tribunal de St. Angelo está densamente ocupado. Todo o espaço preenchido por cidadãos, que vieram para ver o espetáculo.
No centro da multidão e acima das cabeças, pode ser visto um palanque, e um poste de fogueira, ao lado muitas tochas. Qualquer movimento é percepitível.
5. Alguém está entrando. O momento seguinte ouve-se uma tempestade de risadas e escárnios. É claro que a pessoa que acaba de entrar é objeto de controvérsia e repulsa geral. As pesadas cadeias revelam a sobrecarga imposta ao corpo. Ele é ainda jovem. Mas sua face está pálida com grande sofrimento. Ele ergue os olhos e com fisionomia serena contempla a vasta multidão, e o resplendor do aparato que foi preparado, esperando sua vítima. Paschale então senta-se com calma e coragem. Seus olhos refletem a luz serena de uma paz profunda e imperturbável. Sobe o patíbulo e permanece ao lado da fogueira.
6. Todos os olhos agora volvem-se não para aquele que está usando a tiara, mas para o homem que está vestido com vestes próprias de herege.
7. "Bom povo" diz o mártir - e toda a assembléia silencia. "Vim aqui para morrer por confessar a doutrina de Meu Divino Mestre e Salvador Jesus Cristo. "
Então voltando-se para o papa Pio IV, Jean Paschale o apresenta como o inimigo de Cristo, o perseguidor de Seu povo, o anti-Cristo mencionado nas Escrituras; e concluiu convocando ao papa e a todos os seus cardiais para responder por suas crueldades e matança de inocentes perante o trono do Cordeiro.
"Quando disse estas palavras” diz o historiador Crespin, "as pessoas foram profundamente movidas, e o papa e os cardiais rangiam seus dentes. "- Crespin, Hist. des Martyres, págs 506-516
* Os inquisidores receberam rapidamente o sinal. Os executores se aproximaram e o rodearam; acenderam as tochas; as chamas da fogueira rapidamente reduziram seu corpo a cinzas. O papa havia cumprido sua tarefa.
* Assim morreu, Jean Louis Paschale, o missionário valdense e pastor do rebanho da Calábria:
1. Suas cinzas foram coletadas e lançadas no rio Tiber, e pelo Tiber alcançou o Mediterrâneo. E esta foi a sepultura do pregador mártir, cujo nobre testemunho e coragem perante o próprio papa acrescentou um esplêndido testemunho para a causa protestante.
2. O tempo pode consumir o mármore, violência ou guerra pode arruinar o monumento. Mas os caracteres justos das fiéis testemunhas acham-se imortalizados nos livros do Céu. Estes santos serão ressuscitados e receberão a coroa da vida.
3. Mas a sepultura no profundo do oceano aonde as cinzas do pastor Paschale foram lançadas é o mais nobre mausoleu do que jamais foi erguido por Roma a qualquer um dos seus pontífices. -