A Lei do tribunal do Céu
- Quando: 03/02
- Em: Série Doutrinas
INTRODUÇÃO
Nos nossos dois últimos estudos analisamos alguns aspectos do grande Juízo Investigativo, que iniciou no santuário celestial em 1844, ao término dos 2.300 anos de Dan. 8:14, e que dentro em breve será concluído, quando a porta da graça fechar-se-á, ao Cristo depor Suas vestes sacerdotais, declarando: "Continue o injusto fazenda injustiça, continue o imundo ainda sendo imundo; o justo continue na prática da justiça, e a santo continue a santificar-se." (Apoc. 22:11).
Mas neste ponto surge uma pergunta: Para que haja um julgamento é necessário que haja também uma lei, ou seja, uma norma de julgamento; e qual é a lei ou norma pela qual é feito o juízo de cada indivíduo no tribunal do Céu? Também a Bíblia responde a esta indagação.
I – A LEI DIVINA – A NORMA DO JULGAMENTO
Que Lei é Dito Ser a Norma do Julgamento no Tribunal do Céu? – Tiago 2:12 (a "lei da liberdade")
Mas Que Lei é Essa? – Tiago 2:10 e 11
Qual é a lei em cuja conteúdo se encontram os mandamentos "não adulterarás" e "não matarás"? – Êxodo 20:3-17 (os Dez Mandamentos)
II – A IMPORTÂNCIA E O SIGNIFICADO DOS DEZ MANDAMENTOS
A – Os Dez Mandamentos São de Origem Divina
Os Dez Mandamentos foram escritos pelo dedo de Deus sobre duas tábuas de pedra (Êxo. 31:18; 32:16), o que é um símbolo de sua perpetuidade. Sal. 119:152
"A lei de Deus existia antes do homem ter sido criado. Estava adaptada à condição de seres santos; até mesmo os anjos eram governados por ela. Após a queda, os princípios de justiça não foram mudados. Nada foi tirado da lei; nenhum de seus santos preceitos poderia ser aperfeiçoado. E assim como existiam desde o princípio continuará a existir através das eras intérminas da eternidade. . ." (E. G. White, ST, 15 de abril de 1886) Porém, "os princípios (da lei de Jeová) foram mais explicitamente declarados ao homem após a queda, e enunciados de forma a serem compreendidos por inteligências caídas. Isto foi necessário dado ao fato da mente dos homens ter sido cegada pela transgressão." (E. G. White, ST, 15 de abril de187S) – Citado em A.A. Nepomuceno, Introdução à Ética Cristã, p. 15
B – O Significado e a Abrangência dos Dez Mandamentos
1º) "Não terás outros deuses diante de Mim" (Êxodo 20:3)
"Jeová, o Ser eterno, existente por Si mesmo, incriado, sendo o originador e mantenedor de todas as coisas, é o único que tem direito a reverência e culto supremos. Proíbe-se ao homem conferir a qualquer outro objeto o primeiro lugar nas suas afeições ou serviço. O que quer que acariciemos que tenda a diminuir nosso amor para com Deus, ou se incompatibilize com o culto a Ele devido, disso fazemos um deus." (Patriarcas e Profetas, pp. 305)
2º) "Não farás para ti imagem de escultura. . ." (Êxo. 20:4-6)
"O primeiro mandamento diz respeito ao Ser a quem adoramos. Este segundo refere-se à forma como adoramos." (Billy Graham, Como Nascer de Novo, pp. 67-68)
Este mandamento não apenas proíbe a idolatria costumeira, como também as falsas idéias a respeito de Deus e de Seus atributos, e acariciarmos idéias antropomórficas de Deus.
Jesus disse: – João 4: 24
É por isso que Spurgeon escreveu que "nem todos, os que vão à igreja ou congregação, adoram também em espírito e verdade; os que mais alto cantam, nem sempre são os que mais louvam a Deus; e aqueles, que aparentam possuir o mais contrito semblante, nem sempre são os que estão possuídos da mais profunda sinceridade." (Spurgeon, Reden Hinterm Pflug, p. 129)
3º) "Não tomarás a nome do Senhor teu Deus em vão..." (Êxo. 20: 7)
"Este mandamento não somente proíbe os falsos juramentos e juras comuns mas veda-nos o uso do nome de Deus de maneira leviana ou descuidada, sem atentar para a sua terrível significação. ... Seu santo nome deve ser pronunciado com reverência e solenidade." (Patriarcas e Profetas, p. 306, 307)
Pois a Bíblia declara que “Santo e tremendo é o Seu nome.” Sal. 111:9.
OBS.: O nome de Deus na Bíblia é equivalente ao Seu caráter.
4º) "Lembra-te do dia de sábado, para o santificar. . ." (Êxo. 20:8-11)
– "O sábado não é apresentado como uma nova instituição, mas como havendo sido estabelecido na criação. Deve ser lembrado e observado como a memória da obra do Criador. Apontando para Deus como Aquele que fez os céus e a Terra, distingue o verdadeiro Deus de todos os falsos deuses. Todos os que guardam o sétimo dia, dão a entender por este ato que são adoradores de Jeová. Assim, é o sábado o sinal de submissão a Deus por parte do homem, enquanto houver alguém na Terra para O servir. O quarto mandamento é o único de todos os dez em que se encontra tanto o nome como o título do Legislador. É o único que mostra pela autoridade de quem é dada a lei. Assim contém o selo de Deus, afixado à Sua lei, como prova da autenticidade e vigência da mesma." (Patriarcas e Profetas, p. 307).
5º) "Honra a teu pai e a tua mãe ... " (Êxo. 20:12)
"O quinto mandamento exige que os filhos não somente tributem respeito, submissão e obediência a seus pais, mas também lhes proporcionem amor e ternura, aliviem os seus cuidados, zelem de seu nome, e os socorram e consolem na velhice. Ordena também o respeito aos ministros e governantes, e a todos os outros a quem Deus delegou autoridade." (Patriarcas e Profetas, p. 308)
E Efésios 6:1 acrescenta: "Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor, pois isto é justo". Isto é, a obediência aos pais deve ser mantida até ao ponto em que esta não interfira na obediência a Deus.
6º) "Não matarás" (Êxo. 20:13)
"Todos os atos de injustiça que tendem a abreviar a vida; o espírito de ódio e vingança, ou a condescendência de qualquer paixão que leve a atos ofensivos a outrem, ou nos faça mesmo desejar-lhe mal (pois “qualquer que aborrece seu irmão é homicida”); uma negligência egoísta de cuidar dos necessitados e sofredores; toda a condescendência própria ou desnecessária privação, ou trabalho excessivo com a tendência de prejudicar a saúde – todas estas coisas são, em maior ou menor grau, violação do sexto mandamento." (Idem, p. 308)
7º) "Não adulterarás" (Êxo. 20:14)
"Este mandamento proíbe não somente atos de impureza, mas pensamentos e desejos sensuais, ou qualquer prática com a tendência de os excitar. A pureza é exigida não somente na vida exterior, mas nos intuitos e emoções secretos do coração. Cristo, que ensinou os deveres impostos pela lei de Deus, em seu grande alcance, declarou ser o mau pensamento ou olhar tão verdadeiramente pecado como o é o ato ilícito. " (Idem, p. 308).
8º) "Não furtarás" (Êxo. 20:15)
"Tanto pecados públicos como particulares são incluídos nesta proibição. O oitavo mandamento condena o furto de homens e tráfico de escravos, e proíbe a guerra de conquista. Condena o furto e o roubo. Exige estrita integridade nos mínimos detalhes dos negócios da vida. Veda o engano no comércio, e requer o pagamento de débitos e salários justos. Declara que toda a tentativa de obter-se vantagem pela ignorância, fraqueza ou infelicidade de outrem, é registrada como fraude nos livros do Céu." (Idem, p. 308)
9º) "Não dirás falto testemunho contra o teu próximo" (Êxo. 20:16)
"Aqui se inclui todo o falar que seja falso a respeito de qualquer assunto, toda a tentativa ou intuito de enganar nosso próximo. A intenção de enganar é o que constitui a falsidade. Por um relance de olhos, por um movimento da mão, uma expressão do rosto, pode-se dizer falsidade tão eficazmente como por palavras. Todo o exagero intencional, toda a sugestão ou insinuação calculada a transmitir uma impressão errônea ou desproporcionada, mesmo a declaração de fatos feita de tal maneira que iluda, é falsidade. Este preceito proíbe todo esforço no sentido de prejudicar a reputação de nosso próximo, pela difamação ou suspeitas ruins, pela calúnia ou intrigas. Mesmo a supressão intencional da verdade, pela qual pode resultar o agravo a outrem, é uma violação do nono mandamento." (Idem, p. 309)
10º) "Não cobiçarás. . ." (Êxo. 20:17)
"O décimo mandamento fere a própria raiz de todos os pecados, proibindo o desejo egoísta, do qual nasce o ato pecaminoso. Aquele que em obediência à lei de Deus se abstém de condescender mesmo com um desejo pecaminoso daquilo que pertence a outrem, não será culpado de um ato mau para com seus semelhantes." (Idem, p. 309).
C – Cristo Confirma a Validade e Vigência Dessa Lei:
– Mat. 19:17; Mat. 5:17 e 18
III – A LEI DIVINA – A NORMA DE CONDUTA PARA O CRISTÃO
A – O Dever Humano de Observar a Lei Divina
Ecl. 12:13 (dever de "todo homem" e não apenas dos judeus)
Tiago 2:10
"Se estivermos suspensos sobre um abismo, seguros por uma corrente de dez elos, quantos deles precisam romper-se para que caiamos no abismo?" (Billy Graham, Como Nascer de Novo, p. 70)
B – Deus nos Capacita para Observarmos a Sua Lei
O apóstolo S. Paulo declara: – Rom. 2:13; 7:12
"Porém a lei não nos pode salvar, muito menos nos conceder poder para vencermos o pecado; ela apenas nos condena, mostrando-nos nossa condição pecaminosa. Sua função é como a de um espelho (Tiago 1:23), que mostra nossa verdadeira situação pecaminosa. . ." Mas se "nos dirigirmos á cruz de Cristo em humildade e contrição, 'o sangue de Jesus, Seu Filho, nos purifica de todo pecado' (I João 1:7).
"Na cruz há poder, não para abolir a lei, mas para nos colocar em conformidade com ela; porque o evangelho 'é o poder de Deus Para a salvação de todo aquele que crê' (Rom, 1: 16). . . . Assim corno o curso da História está dividido em duas eras: antes de Cristo (AC) e depois de Cristo (AD); na vida de coda pessoa há um antes de Cristo, sob a condenação da lei, e um depois que Cristo passa a reinar na vida, não mais sob a condenação da lei, mas em plena conformidade com ela." (Alberto R. Timm, Decisão, março de 1983, p. 5)
Portanto, não observamos a lei para sermos salvos (obras da lei), mas porque fomos salvos por Cristo (obras da fé). E é Cristo quem nos capacita a guardarmos os mandamentos de Deus (Filip. 4:13; João 1:12; 15:5 e 10).
CONCLUSÃO
Portanto, a guarda dos dez mandamentos pela graça de Crista é a evidência de que fomos salvos; pois no processo da salvação nós somos justificados pela fé, salvos pela graça e julgados pelas obras. É por isso que Davi reclama o juízo divino aos transgressores da lei:
Sal. 119:126.
Que Deus nos capacite pela Sua graça a vivermos em conformidade com a Sua vontade, como expressa no decálogo, para que possamos herdar a vida eterna que será concedida aos fiéis!
(Alberto Ronald Timm)