

ENCARGOS E RESPONSABILIDADES
Depois de haver traçado planos referentes à edificação do templo, Davi apelou aos homens em posições de responsabilidade de seu reino para que cooperassem com Salomão na realização dessa obra. "Quem", perguntou ele à multidão reunida, "quem está disposto a consagrar seu serviço hoje ao Senhor?" 1 Crônicas 29:5 (KJV).
Serviço Voluntário
A resposta veio não apenas sob a forma de ofertas liberais para correr com as despesas da construção, mas também em serviço voluntário nos vários ramos da obra de Deus. Corações se encheram com o desejo de devolver ao Senhor aquilo que Lhe pertencia, mediante a consagração ao Seu serviço de todas as suas energias físicas e mentais. Aqueles sobre os quais fora colocada a administração do país decidiram trabalhar entusiástica e abnegadamente, empregando para o Senhor a capacidade e os talentos que Ele lhes concedera.
A exortação de Davi a Salomão e seu apelo aos que arcavam com as responsabilidades da nação, deve ser conservada em mente por aqueles que ocupam hoje posições de confiança na causa do Senhor. Em nossos dias, o povo de Deus só pode prosperar enquanto guardar Seus preceitos; e os que assumem responsabilidade são chamados a consagrar seu serviço ao Senhor. Oficiais de associação, oficiais de igreja, gerentes e diretores de departamento em nossas instituições, obreiros no campo nacional ou estrangeiro — todos devem prestar fiel serviço a Deus pelo uso integral de seus talentos. O Senhor não Se agrada com o serviço feito com o coração dividido. A Ele somos devedores de tudo quanto temos e somos.
Obediência Implícita
A todos quantos se empenham no serviço, o Senhor concede sabedoria. Tanto o tabernáculo, conduzido de lugar em lugar no deserto, como o templo em Jerusalém foram construídos de acordo com as específicas instruções divinas. Através dos séculos, Deus tem sido minucioso quanto aos propósitos e à realização de Sua obra. Nesta geração, conferiu a Seu povo muita luz e instrução a respeito de como Sua obra deve ser levada avante — de maneira elevada, refinada e conscienciosa. Agrada-Se daqueles que realizam no serviço o Seu desígnio. Somente os que, cônscios de sua própria deficiência, obedecem implicitamente às ordens do Senhor, podem permanecer em Seu serviço.
Apesar da clara ordem do Senhor para que a arca fosse, com temor e tremor, considerada um intocável objeto sagrado, Uzá estendeu a mão a ela. Por esta irreverência, teve que ser eliminado da obra de Deus. O Senhor não muda. Está hoje tão desejoso de que os homens conheçam Seus caminhos e respeitem os métodos que elaborou para a orientação destes, como nos dias de Uzá. Cumpre-lhes realizar os planos que Ele traçou. Quando as pessoas acham que é coisa sem importância obedecer a um "assim diz o Senhor" no que se refere à Sua obra, mas julgam que devem pôr em prática seus próprios planos, evidenciam com isto sua inaptidão para qualquer cargo de confiança em Sua causa. Em todo esforço para promover os interesses da obra do Senhor, devemos perder de vista o próprio eu e ter em vista somente a glória de Deus.
Conquanto as propostas de Satanás pareçam apresentar grandes vantagens, acabam sempre em ruína. Repetidas vezes têm os homens constatado por experiência própria o resultado de escolher seguir os planos humanos de preferência aos que Deus para nós traçou. Não aprenderão outros a lição da experiência deles? Devemos ter receio de qualquer plano que não seja de origem celeste.
Muitas vezes os professos seguidores de Cristo ficam com os corações endurecidos e os olhos cegos por não obedecerem à verdade. Motivos e propósitos egoístas apoderam-se da mente. Em sua presunção, supõem que o seu caminho é o caminho da sabedoria. Não são meticulosos em seguir à risca o caminho que Deus para eles estabeleceu. Alegam que as circunstâncias alteram os casos e, quando Satanás os tenta a adotarem princípios mundanos, cedem, fazem caminhos tortuosos para seus pés e desencaminham a outros. Os inexperientes os seguem aonde quer que vão, supondo que deva ser sábio o juízo de cristãos tão experientes.
Os que, ocupando postos de responsabilidade, seguem seu próprio juízo são responsáveis pelos erros cometidos por aqueles que foram transviados pelo seu exemplo. "Não os julgarei Eu?" pergunta o Senhor.
Existem aqueles que pensam poder melhorar o plano elaborado pelo Senhor. Acham que podem traçar para si mesmos uma conduta melhor do que aquela que para eles por Deus foi traçada. Essas pessoas, ao escolherem o critério humano, endurecem o coração contra a direção divina e seguem seus próprios caminhos. A menos que eles se arrependam, virá o tempo em que olharão para a obra de toda uma vida como completo fracasso. A sabedoria do homem, quando exercida sem a orientação de Cristo, é um elemento perigoso.
Qualquer reconhecimento ou exaltação obtida à parte de Deus não vale nada, pois o Céu não a sanciona. Ter a aprovação dos homens não conquista a aprovação de Deus. As pessoas que querem ser reconhecidas por Deus no dia do juízo devem hoje ouvir o Seu conselho e submeter-se à Sua vontade. Só assim podem entrar na posse das ricas bênçãos capazes de habilitá-los para receberem a aprovação divina. Cumpre-lhes conservar a fé inabalável até o fim, recusando-se a ser desviados de sua lealdade por quaisquer projetos ambiciosos.
Detendo a Maré do Mal
Não temos compreendido plenamente a importância de estudar o conselho dado pelo Senhor, através de Davi, a Salomão, concernente àqueles que são indignos de confiança. Os que se demonstram infiéis devem ser tratados de acordo com a sabedoria que Deus comunica. Os servos do Senhor jamais devem considerar virtude o descontentamento, a astúcia e o engano. Os que ocupam posições de responsabilidade devem manifestar decidida reprovação contra toda infidelidade tanto nos negócios temporais quanto nos espirituais. Cumpre-lhes escolher como conselheiros em todo ramo de trabalho somente aqueles em que possam depositar a máxima confiança.
No décimo sexto capítulo da Primeira Carta aos Coríntios, lemos: "Vigiai; estai firmes na fé; portai-vos varonilmente; fortalecei-vos." Versículo 13. Os que são promovidos a posições oficiais na obra do Senhor devem sempre guardar-se para não incorrer no erro da fala precipitada, da infidelidade e da traição de sagrados depósitos. E só devem permanecer no cargo enquanto estiverem cumprindo fielmente os seus deveres.
Os que arcam com responsabilidades devem estar alerta. Não é o homem que se exime das circunstâncias e que numa emergência toma atitudes duvidosas, aquele que conquista o respeito de seus semelhantes e a aprovação do Céu. O homem que infunde respeito é aquele que, como uma rocha que resiste ao embate das ondas, permanece firme contra o mal. Numa crise, quando muitos estão hesitantes quanto à conduta a seguir, aquele que age com firmeza no caminho traçado pelo Senhor e com determinação inabalável executa os planos de Deus, é o que ganha a confiança como alguém capaz de comandar. Os que ocupam posições de responsabilidade devem saber o que diz o Senhor, para então permanecerem resolutamente pelo direito, detendo a maré do mal.
Fonte: Review and Herald, 14/09/1905