

Jesus, nosso Mestre e Salvador, ensinou que a experiência da genuína conversão ocorre quando a mensagem do chamado divino juntamente com as gloriosas promessas de ser perdoado, justificado e santificado, e as doutrinas a elas conectadas alcançam o coração: "entender com o coração, e se convertam", disse Jesus (Mt. 13:15).
É passo importante ver com os olhos e ouvir com os ouvidos as evidências da verdade relacionadas à nossa condição pecaminosa, do sublime amor de Deus em Cristo oferecendo-nos o perdão e a reconciliação ou a beleza e harmonia da cadeia de verdades que alcança o nosso entendimento, através da leitura da Bíblia, de ouvir a Palavra de Deus, dos apelos diretos que o Espírito Santo faz ao coração, ou do chamado que chega a nós mediantes apelos de amigos e de circunstâncias de probantes aflições que freqüentemente são permitidas pela Providência.
Contudo é possível passar por todos esses passos e não obter a experiência da genuína conversão. Há uma classe de cristãos que não avança além da experiência de ver com os olhos e ouvir com os ouvidos. A experiência desta classe é superficial, e sua vida cristã é impulsionada ou para uma observância meramente exterior dos estatutos da doutrina, ou para a mornidão e indiferença ou para uma religião emocional.
A classe que permanece nesse estágio da experiência cristã -- de apenas ver com os olhos e ouvir com os ouvidos -- não consegue cantar de coração o hino: Preciosa Graça; tampouco sentem aquela sublime gratidão de ter sido resgatados de profundo lamaçal de pecados e tentações; freqüentemente não estão seguros que seus pés estão firmados sobre a Rocha; nem conseguem evidenciar na vida o novo cântico (Salmo 40:2,3): "Regozijar-me-ei muito no Senhor, a minha alma se alegra no meu Deus: porque me cobriu de vestes de salvação, e me envolveu com o manto de justiça." Isaías 61:10
Mas o que significa entender com o coração? Entender com o coração significa permitir que as convicções da fé e da doutrina alcance e guie as faculdades da vontade, das afeições espirituais da fé, contrição, amor, raciocínio, memória, -- inclinando-as a submissão a Deus, nosso Pai, a Jesus Cristo nosso Salvador e Substituto, e ao Espírito Santo que derrama em nosso coração o amor de Deus e Seu desejo de nos salvar em Cristo Jesus (Rm. 5:5). Então a experiência avança além do ver com os olhos e ouvir com os ouvidos. Quando a mensagem e os apelos da salvação alcançam o coração, há conversão genuína, abundantes frutos se manifestam (Lc. 8:15), andamos em novidade de vida (Rm. 6:4), pensamos e buscamos as coisas lá do alto onde Cristo está assentado à destra de Deus intercedendo por nós (Col. 3:1-3), e evidenciamos a resolução de buscar em primeiro lugar o reino de Deus e Sua justiça, "não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas coisas que não se vêem, porque as coisas que se vêem são temporais, e as que não se vêem são eternas" (2 Cor. 4:18), e o milagre de ter nascido de novo, nascido da água e do Espírito (João 3:3-5) manifesta-se na experiência cristã progressiva. Confessamos testificamos publicamente da salvação de Deus em Cristo que opera por nós e em nós, porque a mensagem da justiça de Deus no plano da salvação foi entendida e aceita no coração: "Porque com o coração se crê para a justiça, e com a boca se confessa a respeito da salvação." Rm. 10:10
E. G. White, comenta:
Há muitas classes de religiosos:
- Muitos tem uma religião fria, gelada. Não podem aquecer a ninguém.
- Outros falam de religião como uma questão de vontade. Apegam-se aos deveres. Vivem vida religiosa inflexível, dura --desprovida do amor doce e subjugante da terna compaixão de Cristo.
- Ainda outros vão para o extremo oposto tornando a religião emocional proeminente, e em ocasiões especiais manifestam intenso zelo. Sua religião assemelha-se mais de uma natureza estimulante do que permanente fé em Cristo.
Os verdadeiros ministros sabem do valor da obra interna do Espírito Santo no coração humano."Com o coração se crê para a justiça, com a boca se confessa com respeito a salvação." (Rm. 10:10). Pela fé o homem crê que ele recebe a justiça de Cristo...Quando o pecador contrito, perante Deus, discerne a expiação de Cristo em seu favor, e aceita esta expiação como sua única esperança nesta vida e na futura, seus pecados são perdoados. Isto é justificação pela fé. Cada alma crente deve conformar sua vontade inteiramente à vontade de Deus, e manter-se num estado de arrependimento e contrição, exercendo fé nos méritos expiatório do Redentor, e avançando de força em força, de glória em glória...
Perdão e justificação são uma e a mesma coisa... Através da fé o pecador passa da posição de um rebelde, um filho do pecado e Satanás, para a posição de um leal súdito do Senhor Jesus, não devido a uma bondade inerente, mas porque Cristo o recebe como Seu filho adotivo. O pecador recebe perdão de seus pecados, porque esses pecados foram levados pelo seu Substituto e Penhor.
O Senhor fala a Seu Pai Celestial dizendo:"Este é Meu filho. Eu o absolvo da condenação da morte dando-lhe minha apólice de vida -- vida eterna -- porque Eu tomei o seu lugar e sofri por seus pecados. Ele é mesmo Meu amado filho." Assim o homem é perdoado e revestido com as belas vestes da justiça de Cristo, permanece sem mácula perante Deus.
O pecador pode errar, contudo não fica sem misericórdia. Sua única esperança,no entanto, é arrependimento para com Deus e fé em nosso Senhor Jesus Cristo. É prerrogativa do Pai perdoar nossas transgressões e pecados, porque Jesus tomou sobre Si mesmo nossa culpa e absolve-nos, imputando-nos Sua própria justiça. Seu sacrifício satisfaz plenamente as exigências da justiça.
Justificação é a oposição da condenação... Davi foi perdoado de sua transgressão porque humilhou seu coração perante Deus em arrependimento e contrição de alma e creu que a promessa de Deus para perdoar se cumpriria. Ele confessou seus pecados, arrependido, e foi reconvertido. No vislumbre do perdão, ele exclama:"Bem aventurado aquele cuja iniqüidade é perdoada, e cujo pecado é coberto. Bem aventurado o homem a quem o Senhor não atribui iniqüidade, e em cujo espírito não há dolo."Salmo 32:1,2.
Perdão vem através da fé que o pecado confessado e arrependido, é levado pelo grande Portador de pecados. De Cristo nos vem todas as bênçãos. Sua morte é um sacrifício expiatório pelos nossos pecados. Ele é o grande meio através de quem recebemos a misericórdia e favor de Deus. Ele é de fato o Originador, o Autor como também o Consumador de nossa fé. E. G. White, 9 MR. 293, 27/2/1891