

Apesar das claras afirmações dos escritos da sra. White a favor da eternidade de Cristo, algumas passagens dos seus escritos tem sido utilizada para se tentar dizer que o Pai decidiu que Cisto seria Deus e que algum momento da eternidade o Pai o trouxe a existência.
Uma dessas passagens que se costuma citar para “provar” que Cristo não é eterno encontramos nos Testemunhos Seletos, vol. 3:
“Deus é o Pai de Cristo; Cristo é o Filho de Deus. A Cristo foi atribuída uma posição exaltada. Foi feito igual ao Pai. Cristo participa de todos os desígnios de Deus.” (p. 266).
Ao entendermos o sentido dessa passagem estaremos estabelecendo um padrão para entender todas as outras passagens que tocam no assunto. Quando aconteceu isso? Na eternidade, quando o Pai gerou ao Filho ou na época da queda de Lúcifer? Devemos deixar que Ellen White responda a essa questão.
A descrição do início do Grande conflito aparece em várias das suas obras. Vamos analisar a narração que ela faz que encontramos no livro História da redenção:
“O grande Criador convocou os exércitos celestiais para, na presença de todos os anjos, conferir honra especial a Seu Filho. O Filho estava assentado no trono com o Pai, e a multidão celestial de santos anjos reunida ao redor. O Pai então fez saber que, por Sua própria decisão, Cristo, Seu Filho, devia ser considerado igual a Ele, assim que em qualquer lugar que estivesse presente Seu Filho, isto valeria pela Sua própria presença. A palavra do Filho devia ser obedecida tão prontamente como a palavra do Pai. Seu Filho foi por Ele investido com autoridade para comandar os exércitos celestiais. Especialmente devia Seu Filho trabalhar em união com Ele na projetada criação da Terra e de cada ser vivente que devia existir sobre ela. O Filho levaria a cabo Sua vontade e Seus propósitos, mas nada faria por Si mesmo. A vontade do Pai seria realizada nEle.
“Lúcifer estava invejoso e enciumado de Jesus Cristo. [...] Ele [Lúcifer] não compreendia, nem lhe fora permitido conhecer, os propósitos de Deus. [...] Aspirava à altura do próprio Deus. Gloriava-se na sua altivez. [...] Por que devia Cristo ser assim honrado acima dele?
[“...] Houve controvérsia entre os anjos. Lúcifer e seus simpatizantes lutavam para reformar o governo de Deus. Estavam descontentes e infelizes porque não podiam perscrutar Sua insondável sabedoria e verificar o Seu propósito em exaltar Seu Filho e dotá-Lo com tal ilimitado poder e comando. Rebelaram-se contra a autoridade do Filho.” (p. 13-15).
Em seguida, Ellen White explica que os anjos fiéis tentaram convencer a Lúcifer que não havia motivos para o seu descontentamento contra Deus. Para isso usaram dois argumentos: em primeiro lugar, a exaltação de Cristo não alterara a posição daquele Anjo nas cortes celestiais. Em segundo lugar, Cristo sempre existira e a Sua exaltação não mudava a sua condição divina. Portanto, nem a condição e nem o status de Lúcifer ou de Cristo foi alterada pela honraria que o Pai lhe dera.
“Os anjos que eram leais e sinceros procuraram reconciliar este poderoso rebelde à vontade de seu Criador. Justificaram o ato de Deus em conferir honra a Seu Filho e, com fortes razões, tentaram convencer Lúcifer de que não lhe cabia menos honra agora do que antes que o Pai proclamasse a honra que tinha conferido a Seu Filho. Mostraram-lhe claramente que Cristo era o Filho de Deus, existindo com Ele antes que os anjos fossem criados, que sempre estivera à mão direita de Deus, e Sua suave, amorosa autoridade até o presente não tinha sido questionada; e que Ele não tinha dado ordens que não fossem uma alegria para o exército celestial executar. Eles insistiam que o receber Cristo honra especial de Seu Pai, na presença dos anjos, não diminuía a honra que Lúcifer recebera até então.” HR 15.
Deus exaltou a Cristo no tempo em que Lúcifer se rebelou contra a autoridade divina e não em algum lugar na eternidade quando Cristo supostamente teria sido gerado por Deus. Todos os outros textos do Espírito de Profecia que falam da exaltação de Cristo devem ser entendidos à luz desse fato. Em nenhum momento Ellen White quis ensinar que Cristo não é eterno, muito pelo contrário, para ela Ele “sempre estivera à mão direita de Deus”.