

Capítulo 15
"O Que Semeia a Perversidade Sega Males"
Uma das mais poderosas influências que levaram à apostasia de Salomão foi o orgulho da prosperidade. Ao lhe advirem riqueza e honra mundana ele a princípio continuou humilde, mas após certo tempo começou a perder de vista a fonte de sua inigualada prosperidade. Isso levou a um uso errôneo dos talentos da riqueza e da influência. Os dons do céu foram pervertidos para fins egoísticos.
A dissipação de Salomão foi acompanhada de extravagância. Para sua primeira esposa, filha de Faraó, construiu magníficos palácios "de pedras escolhidas. . . por dentro e por fora; e isto desde o fundamento até as beiras do teto." "Construiu Salomão os seus palácios, e levou treze anos para acabá-los." 1 Reis 7:9, 1.
O Palácio do Bosque do Líbano
"Edificou ainda o Palácio do Bosque do Líbano, de cem côvados de comprimento, cinqüenta de largura e trinta de altura, sobre quatro ordens de coluna de cedro, e vigas de cedro sobre as colunas. . . . Havia três ordens de janelas, e uma janela estava defronte da outra janela, em três fileiras. Depois fez um pórtico de colunas, de cinqüenta côvados de comprimento e trinta de largura." 1 Reis 7:2-6.
"Também o rei Salomão fez duzentos paveses de ouro batido; seiscentos siclos de ouro mandou pesar para cada pavês." 1 Reis 10:16. "Fez também trezentos escudos de ouro batido; para cada escudo mandou pesar trezentos siclos de ouro. Colocou-os o rei no Palácio do Bosque do Líbano." 2 Crônicas 9:16.
"Todas as taças do rei Salomão eram de ouro, e todos os objetos do Palácio do Bosque do Líbano, de ouro puro. Nada era feito de prata, porque considerava-se a prata de pouco valor nos dias de Salomão." 2 Crônicas 9:20.
O dinheiro de Deus, que deveria ter sido mantido em sagrado depósito para benefício do pobre digno e para as benfeitorias nacionais de valor permanente, foi egoisticamente empregado para custear os ambiciosos projetos do rei. Os sofredores de Israel não recebiam o devido alimento, vestuário e abrigo. Em seu altivo coração o rei acariciou o desejo de exceder a todos os reis da Terra na magnificência de sua corte.
O Trono de Salomão
"Também fez o pórtico para o trono onde julgava, isto é, o pórtico do juízo, que era coberto decedro, desde o soalho até o teto." 1 Reis 7:7. "Fez mais o rei, um grande trono de marfim, e o cobriu de ouro puríssimo. Tinha o trono seis degraus, e o alto do espaldar do trono era redondo. De ambos os lados tinha braços junto ao assento, e dois leões em pé junto aos braços. Também doze leões estavam ali sobre os seis degraus de ambos os lados. Nunca se fizera obra semelhante em nenhum dos reinos." 1 Reis 10:18.
Equipamento Militar
Surpreendente ilustração da obcecante influência do pecado vê-se no desrespeito de Salomão à clara ordem do Senhor para que o rei de Israel não viesse a "adquirir para si grande número de cavalos nem" fizesse "o povo voltar ao Egito, para adquirir mais cavalos". Deuteronômio 17:16. O relato declara: "Os cavalos que Salomão tinha eram trazidos do Egito." 1 Reis 10:28. "De todas as terras traziam cavalos a Salomão." 2 Crônicas 9:28.
"Tinha também Salomão quarenta mil cavalos em estábulos para os seus carros. . . .[Seus intendentes] Também traziam a cevada e a palha para os cavalos e para os ginetes, ao lugar apropriado, cada um segundo o seu cargo." 1 Reis 4:26, 28.
Em matéria de equipamento militar Salomão optou por seguir o não santificado critério humano em vez de seguir a palavra de Deus. "Importavam um carro do Egito por seiscentos siclos de prata [mais de trezentos dólares] e um cavalo por cento e cinqüenta [mais de setenta e cinco dólares]."
"Ajuntou Salomão carros e cavaleiros, de sorte que tinha mil e quatrocentos carros e doze mil cavaleiros, e os distribuiu pelas cidades dos carros, e junto ao rei em Jerusalém."1 Reis 10:29, 26.
"O rei tinha no mar uma frota de Társis, com as naus de Hirão." Versículo 22.
Um Relato da Dissipação
O orgulho da prosperidade acarretou separação de Deus. Da alegria da comunhão divina Salomão se voltou para achar satisfação nos prazeres sensuais. Uma descrição pitoresca dessa experiência encontra-se na própria linguagem de Salomão, no livro de Eclesiastes. Ele confessa: "Falei eu com o meu coração: olha, eu me engrandeci, e sobrepujei em sabedoria a todos os que houve antes de mim. . . . Apliquei meu coração a conhecer. . . os desvarios e as loucuras." Eclesiastes 1:16, 17.
"Disse eu no meu coração: Ora, vem, eu te provarei com a alegria; goza o prazer." Eclesiastes 2:1.
"Busquei no meu coração como estimular com o vinho a minha carne, regendo-me, porém, pela sabedoria, e como me apoderar da loucura. . . . Fiz para mim obras magníficas: Edifiquei casas, plantei vinhas; fiz hortas e jardins; . . . adquiri servos e servas, e tive servos nascidos em casa.
Também tive grandes manadas de vacas e ovelhas, mais do que todos os que houve antes de mim em Jerusalém. Amontoei prata e ouro, e jóias de reis e das províncias; provi-me de cantores e cantoras, e das delícias dos filhos dos homens, e de instrumentos de música de toda a sorte.
Engrandeci-me e sobrepujei a todos os que houve antes de mim em Jerusalém. . . . Tudo o que desejaram os meus olhos não lhes neguei, nem privei o meu coração de alegria alguma. O meu coração se alegrou por toda a minha obra. . . . Olhei para todas as obras que as minhas mãos fizeram, como também para o trabalho que eu, trabalhando, tinha feito, e vi que tudo era vaidade e aflição de espírito. . . . Então vi que a sabedoria é mais excelente que a estultícia, quanto a luz é mais excelente do que as trevas. . . . Pelo que eu disse no meu coração: Como acontece ao tolo, assim sucederá a mim. . . . Odiei esta vida. . . . Odiei todo o meu trabalho, em que trabalhei debaixo do Sol." Eclesiastes 2:1, 3, 4, 7, 8, 10, 11, 13, 15, 17, 18.
A Renda Nacional
A enorme despesa de estabelecer e manter uma corte de incomparável esplendor e dissipação oriental consistia em parte no tributo anual dos reis e nos ricos tesouros trazidos do Leste, de Társis e da Terra de Ofir, pelas naus do rei que vinham de Eziom-Geber, e de Elote, "à praia do mar, na terra de Edom." 2 Crônicas 8:17. Hirão "enviou-lhe navios comandados por seus oficiais, que eram marinheiros experimentados. Estes foram a Ofir com os servos de Salomão, e de lá trouxeram quatrocentos e cinqüenta talentos de ouro, os quais entregaram ao rei Salomão." 2 Crônicas 8:18.
"Também as naus de Hirão, que de Ofir traziam ouro, trouxeram de lá grande quantidade de madeira de sândalo e pedras preciosas." 1 Reis 10:11.
"Tinha o rei navios que iam a Társis com os servos de Hirão. De três em três anos os navios voltavam de Társis, trazendo ouro, prata, marfim, bugios e pavões." 2 Crônicas 9:21
"O peso do ouro que se trazia cada ano a Salomão era de seiscentos e sessenta e seis talentos, afora o que os negociantes e mercadores traziam. Também todos os reis da Arábia e os governadores do país traziam a Salomão ouro e prata." 2 Crônicas 9:13, 14.
Mesmo essa enorme renda não bastava para satisfazer as perdulárias despesas do rei e sua corte. E agora o orgulho, a ambição, a prodigalidade e a ondescendência frutificaram em crueldade e em cobrança rigorosa de impostos. O espírito consciencioso e ponderado que inspirara Salomão em todo o seu trato com o povo durante a primeira fase do seu reinado, estava então lamentavelmente mudado. Do mais sábio e mais misericordioso dos governantes ele degenerou em um tirano. De um dos compassivos guardiães do povo e temente a Deus, transformou-se em opressivo e despótico.
Sua paixão pela extravagante ostentação o levou a impor grandes encargos ao povo. Mais e mais impostos lhes era cobrado, recursos esses que entravam para o sustento da luxuosa corte.
O povo começou a murmurar e reclamar. O respeito e admiração que antes nutriam por seu rei transformava-se em descontentamento e repulsa.
Apostasia Nacional
A aliança de Salomão com nações pagãs seguiu-se de males que levaram muitos dos filhos de Israel à transgressão da Lei de Deus. Multidões foram contaminadas com os princípios e práticas dos pagãos. Introduziu-se na Palestina a poligamia. O puro serviço religioso instituído por Deus foi substituído por idolatria da pior espécie. Sacrifícios humanos eram oferecidos aos ídolos, e apoiados os ritos licenciosos praticados pelos pagãos.
Ao rejeitar os caminhos de Deus pelos caminhos dos homens, começou a queda de Israel. Assim também continuou, até que o povo judeu se tornou presa das próprias nações cujas práticas havia preferido seguir.