

OS VALDENSES - SUA FÉ, DOUTRINA E PREGAÇÃO
E. G. White, comenta:
- Para os valdenses não eram as Escrituras simplesmente o registro do trato de Deus para com os homens no passado e a revelação das responsabilidades e deveres do presente, mas o desvendar dos perigos e glórias do futuro.
1. Acreditavam que o fim de todas as coisas não estava muito distante; e , estudando a Bíblia com oração e lágrimas, mais profundamente se impressionavam com suas preciosas declarações e do dever de tornar conhecidas a outros as suas verdades salvadoras.
2. Viam o plano da salvação claramente revelado nas páginas sagradas e encontravam conforto, esperança e paz crendo em Jesus. Ao iluminar-lhes a luz o entendimento e ao alegrar-lhes ela o coração, anelavam derramar seus raios sobre os que se achavam nas trevas do erro papal.
3. Viam que sob a direção do papa e sacerdotes, multidões debalde se esforçavam por obter perdão afligindo o corpo por causa do pecado da alma. Ensinados a confiar nas boas obras para se salvarem, estavam sempre a olhar para si mesmos, ocupando a mente com a sua condição pecaminosa, vendo-se expostos à ira de Deus, afligindo alma e corpo, não achando, contudo, alívio. Almas conscienciosas eram, destarte, enredadas pelas doutrinas de Roma. Milhares abandonavam amigos e parentes, passando a vida nas celas e conventos. Por meio de freqüentes jejuns e cruéis açoitamentos, por vigílias à meia noite, prostrando-se durante horas cansativas sobre as lajes frias e úmidas de sua lúgubre habitação, por longas peregrinações, penitências humilhantes e terrível tortura, milhares procuravam baldadamente obter paz de consciência. Oprimidos por uma intuição de pecado e perseguidos pelo temor da ira vingadora de Deus, muitos continuavam a sofrer até que a natureza exausta se rendia e, sem um resquício de luz ou esperança, baixavam à sepultura.
Os valdenses ansiavam por partir a a estas almas famintas o pão da vida, revelar-lhes as mensagens de paz das promessas de Deus e apontar-lhes a Cristo como a única esperança de salvação. Tinham por falsa a doutrina que as boas obras podem expiar a transgressão da lei de Deus. A confiança nos méritos humanos faz perder de vista o amor infinito de Cristo. Jesus morreu como sacrifício pelos homens porque a raça caída nada pode fazer para se recomendar a Deus. Os méritos de um Salvador crucificado e ressurgido são os fundamentos da fé cristã. A dependência da alma para com Cristo é tão real, e sua união com Ele deve ser tão íntima como a do membro para com o corpo, ou da vara para com a videira.
4. Os ensinos dos papas e sacerdotes haviam levado os homens a considerar o caráter de Deus, e mesmo o de Cristo, como severo, sombrio e repelente. Representava-se o Salvador tão destituído de simpatia para com o homem em seu estado decaído, que devia ser invocada a mediação de sacerdotes e santos. Aqueles cuja mente fora iluminada pela Palavra de Deus, anelavam guiar estas almas a Jesus, como seu compassivo e amante Salvador que permanece de braços estendidos a convidar todos a irem a Ele com seu fardo de pecados, seus cuidados e fadigas. Almejavam remover os obstáculos que Satanás havia acumulado para que os homens não pudessem ver as promessas e ir diretamente a Deus, confessando os pecados e obtendo perdão e paz.
5. Ardorosamente desvendava o missionário valdense as preciosas verdades do evangelho ao espírito inquiridor. Citava com precaução as porções cuidadosamente copiadas da Sagrada Escritura. Era a sua máxima alegria infundir esperança à alma conscienciosa e ferida pelo pecado, e que tão somente podia ver um Deus de vingança, esperando para executar justiça. Com lábios trêmulos e olhos lacrimosos, muitas vezes com joelhos curvados, expunha a seus irmãos as preciosas promessas que revelam a única esperança do pecador. Assim a luz da verdade penetrava muita alma obscurecida, fazendo recuar a nuvem lúgubre até que o Sol da Justiça resplandecesse no coração, trazendo saúde em seus raios. Dava-se amiúde o caso de alguma porção das Escrituras ser lida várias vezes, desejando o ouvinte que fosse repetida, como se quisesse assegurar-se de que tinha ouvido bem. Em especial se desejava, de maneira ávida, a repetição destas palavras: “O sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo pecado. "1 João 1:7. "Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado; para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna. "João 3:14,15.
6. Muitos não se iludiam com relações às pretensões de Roma. Viam quão vã é a mediação de homens ou anjos em favor do pecador. Raiando-lhes na mente a verdadeira luz, exclamavam com regozijo: “Cristo é meu Sacerdote; Seu sangue é meu sacrifício; Seu altar é meu confessionário. "Confiavam inteiramente aos méritos de Jesus, repetindo as palavras: “Sem fé é impossível agradar-Lhe. "Hebreus 11:6. "Nenhum outro nome há, entre os homens, pelo qual devamos ser salvos. " Atos 4:12.
A certeza do amor de um Salvador parecia, a algumas destas pobres almas agitas pela tempestade, coisa por demais vasta para ser abrangida. Tão grande era o alívio que sentiam, tal era a inundação de luz que lhes sobrevinha, que pareciam transportadas ao Céu. Punham confiantemente suas mãos na de Cristo; firmavam os pés na Rocha dos séculos. Bania-se todo temor da morte. Podiam agora ambicionar a prisão e a fogueira se desse modo honrasse o nome de seu Redentor.
Em lugares ocultos era a Palavra de Deus apresentada e lida, algumas vezes a uma única alma, outras, a um pequeno grupo que anelava a luz e a verdade. Amiúde a noite inteira era passada desta maneira. Tão grande era o assombro e admiração dos ouvintes que o mensageiro de misericórdia freqüentemente se via obrigado a cessar a leitura até que o entendimento pudesse apreender as boas-novas da salvação. Era comum proferirem-se palavras como estas: “Aceitará Deus em verdade a minha oração?" Lia-se a resposta: “Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. " Mateus 11:28.
A fé se apegava à promessa, ouvia-se a alegre resposta: “Nada mais de longas de longas peregrinações; nada de penosas jornadas aos relicários sagrados. Posso ir a Jesus como estou, pecador e ímpio, e Ele não desprezará a oração de arrependimento. "Perdoados te são os teus pecados. ' Os meus pecados, efetivamente os meus pecados. '"
Enchia-se uma onda de sagrada alegria, e o nome de Jesus era engrandecido em louvores e ações de graças. Estas almas felizes voltavam para casa a fim de difundir a luz, repetir a outros, tão bem quanto podiam, a nova experiência, de que acharam o Caminho verdadeiro e vivo. Havia um estranho e solene poder nas palavras das Escrituras, que falava diretamente ao coração dos que se achavam anelantes pela verdade. Era a voz de Deus e levava convicção aos que ouviam. . .
7. Declaravam ser a igreja de Roma a Babilônia apóstata do Apocalipse, e com perigo de vida erguiam-se para resistir a suas corrupções. . . Durante séculos de trevas e oposição, houve alguns entre os valdenses que negavam a supremacia de Roma, rejeitavam o culto às imagens e guardavam o verdadeiro sábado. Sob as mais atrozes tempestades da oposição conservaram a fé. Acossados embora pela espada dos saboianos e queimados pela fogueira romana, manifestaram-se sem hesitação ao lado da Palavra de Deus e de Sua honra. - E. G. White, O Grande Conflito, págs, 69-72,62.
Boyler, comenta:
8. Os valdenses foram iluminados com os brilhantes raios do evangelho desde os primeiros séculos:
* Eles nunca introduziram imagens ou altares em suas igrejas;
* Nunca invocaram anjos ou santos;
* Nunca creram em um purgatório;
* Nunca reconheceram outro Mediador a não ser Jesus Cristo, outro mérito, a não ser Sua morte;
* Nunca aceitaram a doutrina da missa, da confissão auricular, da imposição de jejuns, do celibato dos sacerdotes, da doutrina da transubstanciação;
* Antes eles sempre sustentaram as Escrituras Sagradas como perpétua regra de fé, e não recebiam ou criam em qualquer coisa exceto o que as Escrituram ensinam;
* E sua doutrina sempre foi a mesma. E isto é comprovado pelos escritos que foram preservados das chamas que reduziram suas casas e igrejas em cinzas.
* Entre estes escritos em sua própria língua, acha-se o poema a Nobre Lição, datada no ano 1100, que apresenta regras do viver santo. Igualmente foi encontrado um Manual de Instrução das doutrinas da religião cristã, de acordo com a Palavra de Deus e sem qualquer mistura de tradição, também da mesma época. Uma explicação do Pai Nosso, no ano 1120, e uma explicação do Credo dos Apóstolos com algumas passagens das Escrituras explicando cada artigo. Também um tratado sobre uma explicação resumida dos Dez Mandamentos, e um pequeno livro intitulado, As Obras do anti-Cristo. -
9. UM DOCUMENTO CATÓLICO DO ANO 1398:
Mostra os valdenses da Áustria como repudiando noventa e dois pontos de doutrina e prática da igreja católica, incluindo os seguintes itens:
* Eles crêem que sua autoridade para pregar vem apenas de Deus, e não do papa ou de qualquer bispo católico;
* Eles crêem que são os representantes e legítimos sucessores dos apóstolos de Cristo;
* Eles condenam a igreja romana porque do tempo do papa Silvestre adquiriu e conservou posses seculares;
* Eles crêem que a bendita Virgem e outros santos não devem ser invocados.
* Eles negam o purgatório, e repudiam sem valor as vigílias, missas, orações e intercessão pelos mortos, beijar relíquias, peregrinações, indulgências e excomunhões.
* Eles crêem que o papa é a cabeça e origem de todos os hereges .
* Eles crêem que não há nenhuma santidade na consagração de igrejas, água benta, ramos de palmeira abençoados, cinzas, velas, etc.
* Eles denunciam o papa por enviar cruzadas para combater os muçulmanos.
10. NA CONFISSÃO DE FÉ DOS VALDENSES DE 1508, SOBRE O PONTO DA
DIVINDADE, ELES EXPLICAM, NO ARTIGO III:
- Que Deus é conhecido pela fé nas Escrituras ser um quanto a substância da Divindade, e Três Pessoas, ou seja, o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Ensinam que quanto as Pessoas são distintos, mas quanto a essência e substância há igualdade. A Divindade acha-se empenhada na obra da Criação, Redenção e Santificação.
11. COM REFERÊNCIA AO ARREPENDIMENTO, NO ARTIGO V, ELES EXPLICAM:
- Ser o arrependimento aquilo que vem do conhecimento do pecado, que através da lei primeiro desperta a consciência com tristeza e temor. Pois pela Palavra de Deus eles são convencidos inteiramente do pecado, e a mente torna-se sensível com referência à má consciência, torna-se inquieta ,cheia de contrição e ansiedades. O coração acha-se contrito e quebrantado, de formas que um homem por si mesmo por meio não se pode erguer ou alcançar conforto. Sente-se aflito, seu espírito treme diante do santo Deus, cuja lei foi transgredida. Assim como disse Davi: “Não há saúde em minha carne por causa da minha transgressão, nem há repouso em meus ossos por causa do meu pecado. Sou como um miserável, quebrantado, e lamento durante todo o dia.
Eles ensinam que o pecador, estando assim aflito, não deve se desesperar. Deve antes retornar a Deus de todo o coração, pela em Cristo. É parte essencial do arrependimento apoderar-se da misericórdia, manifestando contrição pelo fato de haverem pecado. Pois embora estejam carecidos de justiça, podem contudo implorar pela Divina graça e misericórdia, para que Deus tenha misericórdia deles, que perdoe seus pecados pelos méritos de Cristo, que por nossa causa se fez pecado para que pudesse satisfazer a justiça de Deus e reconciliar-nos com Ele. -
12. No Poema: NOBRE LIÇÃO, escrito no ano 1100, temos muitos ensinamentos claros sobre fé e doutrina dos valdenses. O Poema de 479 linhas transborda com princípios, regras, fé e doutrinas da fé cristã, tais como:
* A Divindade - Pai, Filho e Espírito Santo, envolvidas na obra da redenção;
* A queda do homem;
* A redenção mediante a graça divina;
* A encarnação de Cristo, ressurreição e ascensão ao Céu;
* A imutabilidade do Decálogo como foi dado por Deus;
* O livre arbítrio, e a necessidade da graça divina para produzir boas obras;
* A necessidade da santificação na vida cristã progressiva;
* A obra do Espírito Santo;
* A Palavra de Deus como regra de fé e vida;
* A pregação do evangelho; o dia do juízo, a recompensa dos salvos e a vida eterna.
Este magnífico poema, escrito por pessoas evidentemente bem esclarecidas nos ensinos das Escrituras, era destinado para ser lido nas congregações para instrução do povo na sã doutrina, em oposição aos dogmas que prevaleciam no cristianismo tradicional:
"Oh! irmãos prestai atenção a uma Nobre Lição. Devemos sempre vigiar e orar. pois vemos o mundo aproximar-se do fim; devemos esforçar-nos para realizar boas obras, ao observarmos que o fim deste mundo se aproxima. Já se passaram mil e cem anos completos desde que foi escrito: Irmãos, estamos nos últimos dias. ""
J. A. Wylie, comenta:
-Este credo eles se apegavam e exemplificavam na vida as virtudes do evangelho. A pureza dos valdenses tornou-se um provérbio, de tal forma que um valdense era identificado quando não apresentando algumas das corruptas características daquele tempo. Na Nobre Lição tem a seguinte passagem: "Se há um homem honesto, que deseja amar a Deus e temer a Jesus Cristo, que não engana e faz juramento, nem mente, comete adultério, não mata e rouba, nem se vinga a si mesmo de seus inimigos, - eles prontamente dizem que é um vaudois, e digno de morte. "
Froom, comenta:
- Todo o conteúdo deve ser lido, mas três trechos são suficientes como ilustração da importância doutrinária do poema:
* O Poema declara que depois do apóstolos alguns pregadores "que mostraram o caminho de Jesus"haviam continuado "mesmo até o tempo presente"- sem qualquer sugestão ou menção de uma redescoberta ou reavivamento. Aqui também os valdenses são mencionados por nome. Esses evangélicos protestantes eram perseguidos sob o termo de Vaudés: “Eles dizem que tal pessoa é um Vaudes e é digna de castigo. E eles encontram argumentos mediante enganos e mentiras, de se apoderar daquilo que os vaudes alcançaram mediante seu justo trabalho. "
* A grande apostasia é datada de Silvestre e seu espúrio oferecimento de perdão, no trecho: "Todos os papas desde Silvestre até o presente, e todos os cardeais, e todos os bispos, e todos os abades, e mesmo todos eles juntos, não possuem poder ou são habilitados de perdoar um único pecado. Deus apenas pode perdoar e nenhum outro pode fazê-lo. "
* Quanto ao anti-Cristo, o ouvinte é exortado "a estar vigiando. . . para que não desse ouvidos a sua pregação e obras. Muitos sinais e maravilhas ocorrerão deste tempo até o dia do juízo. Os céus e a Terra arderão e todos os viventes morrerão. Então todos os justos serão ressuscitados para a vida eterna, e cada edifício será destruído. Então ocorrerá o juizo final, quando Deus há de separar Seu povo. " -
13. No Tratado sobre o ANTI-CRISTO, escrito no ano 1120,- o papado é claramente mencionado como o anti-Cristo e a grande Babilônia do Apocalipse. As principais obras do anti-Cristo são descritas. Destacamos quatro argumentos apresentados, que revelam a compreensão de fé e doutrina dos valdenses:
* A segunda obra do anti-Cristo é que ele rouba de Cristo de Seu mérito, juntamente com toda a Sua suficiente graça, da justificação,da regeneração, remissão de pecados, santificação, confirmação e nutrição espiritual. O anti-Cristo imputa e atribui essas graças à sua autoridade, a uma fórmula de palavras, por eles mesmos criadas - aos santos e suas intercessões, ao fogo do purgatório. O anti-Cristo separa o povo de Cristo, guiando-o para longe das graças do Céu, para que eles não procurem a Cristo, nem olhem para Ele, mas que procurem essas graças mediante as obras criadas pelo anti-Cristo, e não por uma fé viva em Deus, ou em Jesus Cristo, ou do Espírito Santo, - mas sim pela vontade e métodos criados pelo anti-Cristo, de acordo como prega, que toda salvação consiste em suas obras.
* A terceira obra do anti-Cristo consiste nisto: Que ele atribui a regeneração do Espírito Santo a uma obra exterior morta, batizando crianças naquela fé, ensinando desta forma que o batismo e regeneração devem ser assim alcançados. Portanto outorga santidade e poder intrínsico aos sacramentos, e deposita nisto todo o seu cristianismo, que é contrário ao Espírito Santo.
* A sétima obra do anti-Cristo é que ele governa e mantém sua unidade, não pelo Espírito Santo, mas pelo poder secular, e faz uso do poder secular para impôr assuntos espirituais.
* A oitava obra do anti-Cristo é que ele odeia, persegue, caça, rouba e destrói os membros de Cristo. -
14. No Tratado - A Antiga Disciplina das Igrejas Valdenses. No Artigo IV temos um precioso Manual de instrução religiosa, repleto de ensinamentos sobre fé e doutrina, que ilustra os princípios de doutrina dos valdenses - chamado MANUAL DE INTRUÇÃO PARA OS JOVENS.
Nesse Manual, os pastores dos valdenses, chamados barbes, formulavam perguntas aos jovens sobre fé e doutrina ensinado-lhes a seguir o verdadeiro ensino da Bíblia sobre o assunto mencionado. Nesse método de perguntas e respostas, os jovens aprendiam a verdade e também como se defender dos erros doutrinários. Prestemos atenção aos diferentes temas sobre a fé evangélica abordados nessas perguntas e respostas, que demonstram claramente os fundamentos da crença valdense.
Para melhor visualização, as respostas que os jovens deviam dar estão em itálico:
*- Se alguém lhe perguntar quem é você, qual seria a tua resposta? - Uma criatura de Deus, racional e mortal.
*- Por que Deus te criou? - Para o propósito para que eu possa conhecê-lO e servi-lO, e ser salvo por Sua graça.
*- No que consiste vossa salvação? - Em três virtudes essenciais.
*- Quais são elas? - Fé, Esperança e Caridade.
*- Como podes provar isto? - O apóstolo Paulo escreveu em 1 Coríntios 13: “Agora permanece fé, esperança e caridade, estas três.
*- O que é fé? - De acordo com o apóstolo Paulo em Hebreus 11:1: “É a substância das coisas que se esperam, e a certeza das coisas que não se vêem. "
*- Quantas espécies de fé existem? - Há duas espécies, ou seja, fé viva e fé morta.
*- O que é fé viva? - É aquela fé que opera por amor.
*- O que é fé morta? - De acordo com Tiago é aquela fé sem obras. Ele diz que a fé é sem valor sem as obras; ou a fé é morta quando se crê que há um Deus, se crê a respeito de Deus, mas não se crê nEle para a salvação.
*- Qual é a sua fé? - É a genuína fé apostólica.
*- O que significa isto? O que inclui esta fé? - Significa e inclui tudo o que se acha no credo dos apóstolos e que é dividido em 12 artigos.
*- Quais são eles? - Eu creio em Deus o Pai todo Poderoso.
*- De que modo podes saber que você crê em Deus? - Por isto eu sei; pela observância de Seus mandamentos.
*- Quantos são os mandamentos de Deus? - Dez, como apontados em Êxodo e Deuteronômio.
*- Quais são eles? - "Ouça oh! Israel, Eu Sou o Senhor Teu Deus. Não terás outros deuses diante de Mim. Não farás imagens de esculturas. . . etc.
*- Qual é a suma destes mandamentos? - Consiste nestes dois grandes mandamentos, ou seja: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo.
*- Qual é o fundamento destes mandamentos, pelo qual cada pessoa pode entrar na vida, e sem este fundamento ninguém pode fazer qualquer coisa digna, ou cumprir os mandamentos? - É o Senhor Jesus Cristo, de quem o apóstolo fala em 1 Coríntios: “Nenhum outro fundamento pode ser posto, que é Jesus Cristo. "
*- Por que meios pode uma pessoa chegar a este fundamento? - Pela fé, como explicado por Pedro: “Eis que ponho em Sião uma pedra Angular, eleita, preciosa, e aquele que crê nele não será confundido. "1 Pe. 2:6. E Jesus disse: “Aquele que crê tem a vida eterna.
*- Como podes saber que crês? - Por isto: Que eu sei ser Cristo verdadeiro Deus, e verdadeiro homem,que nasceu e sofreu pela minha redenção e justificação. E que eu O amo e desejo cumprir Seus mandamentos.
*- Por que meios pode alguém atingir aquelas virtudes essenciais; fé esperança e caridade? - Pelos dons do Espírito Santo.
*- Deves tu crer no Espírito Santo? - Sim, eu creio. Pois o Espírito Santo procede do Pai e do Filho e é uma Pessoa da Divindade e é igual ao Pai e ao Filho.
*- Tu crês em Deus o Pai, Deus o Filho, e Deus o Espírito Santo: tens portanto três Deuses? - Não tenho três Deus.
*- Sim, porque nomeastes três. - Isto para diferencias as Pessoas, e não com referência a essência da Divindade. Pois embora são Três Pessoas, no entanto há apenas uma essência.
*- Em que sentido prestas culto e adoras Aquele Deus em quem crês- E O adoro mediante uma adoração interior e exterior. Exteriormente, ajoelhando-me, erguendo minhas mãos, curvando-me em reverência, por hinos e cânticos espirituais, por jejum e oração. Mas interiormente, mediante uma santa afeição:- por uma vontade que se submete em todas as coisas que são agradáveis a Ele. Eu O sirvo pela fé, esperança e caridade, de acordo com o Seu mandamento.
*- Adoras tu ou veneras qualquer outra coisa como Deus? - Não.
*- Por quê? - Porque Seu mandamento é muito claro e diz: “Adorarás ao Senhor Teu Deus, e somente a Ele o servirás. "E novamente: “Não darei minha glória a nenhum outro. "E novamente diz: “Como Eu vivo, diz o Senhor cada joelho há de se dobrar perante Mim. "E Jesus disse: “Os verdadeiros adoradores de Deus o adoram em Espírito e em verdade. " E o anjo não permitiu ser adorado nem por João nem por Pedro ou por Cornélio.
*- De que maneira fazes tua oração? - Oro, repetindo a oração que foi ensinada por Cristo: “Pai nosso que estás no Céu. . .
*- Qual é a outra virtude essencial que pertence a salvação? - É a caridade.
*- O que é caridade? - É o dom do Espírito Santo pelo qual a pessoa é reformada na vontade, sendo iluminada pela fé, pela qual eu creio em tudo o que deve ser crisdo e espero em tudo o que deve ser esperado.
*- O que crês a respeito da igreja? - A verdadeira igreja compõe-se dos que aceitam o chamado da graça de Deus através dos méritos de Cristo e são reunidos pelo Espírito Santo. A igreja considerada com referência ao seu ministério, é o grupo de ministros de Cristo, juntamente com o povo entre aos seus cuidados, usando esse ministério pela fé, esperança e caridade.
*- Por quais maneiras se conhece a igreja de Cristo? - Pelos pastores corretamente ordenados e pelo povo que coopera com eles.
*- Por quais marcas conheces os ministros? - Pelo verdadeiro sentido da fé, pela sã doutrina, por uma vida exemplar, pela pregação do evangelho, e pela administração correta do batismo e santa ceia.
*- Por quais marcas conheces os falsos ministros? - Pelos seus frutos, pela sua cegueira, pelas más obras, pelas doutrinas pervertidas e pela maneira incorreta de administrar os sacramentos.
*- Como podes identificar a cegueira deles? - Quando, não conhecendo a verdade que é necessária para a salvação, eles apregoam e observam invenções humanas como ordenanças de Deus. Destes Isaías fala e é citado por Cristo em Mateus 15: “Este povo Me honra com seus lábios, mas seu coração está longe de Mim. Em vão Me adoram ensinando doutrinas que são mandamentos de homens. "
*- Por quais marcas podes conhecer as obras más? - Por aqueles pecados da carne que o apóstolo fala em Gálatas 5, dizendo: “Aqueles que praticam estas coisas não hão de herdar o reino de Deus. "
*- Por quais marcas podes conhecer as doutrinas pervertidas? - Quando ensina aquilo que é contrária à fé e esperança, como idolatria de várias espécies, santos, relíquias etc. Pois somente o Pai, o Filho e o Espírito Santo é que devem ser adorados, e nenhum outro. Mas quando eles tributam honra ao homem e as obras de suas mãos, ou às suas palavras, ou à sua autoridade de forma tal que as pessoas ignorantemente crêem que estão agradando a Deus por uma falsa religião e mediante o satisfazer a cobiça e simonia dos sacerdotes.
*- Por quais maneiras podes manter sua ligação com a verdadeira igreja? - Pela fé e caridade, pela observância dos mandamentos, e pela perseverança em fazer o que é correto.
*- Qual é a terceira virtude necessária para a salvação? - Esperança.
*- O que é esperança? - É esperar pela graça e também pela glória futura.
*- Como uma pessoa manifesta esperança pela graça? - Por meio da Mediador Jesus Cristo, de quem João diz: “A graça vem por Jesus Cristo. "E novamente declara: “Nós temos visto a Sua glória, cheio de graça e verdade. E todos nós temos recebido de Sua plenitude. "
*- O que é graça? - É o dom de Deus pelo qual recebemos remissão dos pecados, justificação, adoção e santificação.
*- Por que base é esta graça esperada em Cristo? - Por uma fé viva e verdadeiro arrependimento, dizendo: “Arrependei-vos e crede o evangelho. "
*- De onde procede esta esperança? - Do dom de Deus e as promessas das quais o apóstolo menciona: “Ele é poderoso para cumprir o que prometeu. "Pois Ele prometeu a Si mesmo que todo aquele que O busca, que se arrepende e espera nEle, receberá dEle misericórdia, perdão e justificação.
*- Quais são as coisas que nos fazem perder de vista esta esperança? -1. Uma fé morta e as seduções do anti-Cristo em crer outras coisas além de Cristo, ou seja, nos santos, no poder do anti-Cristo - sua autoridade, palavras, bênçãos, nos sacramentos, relíquias de mortos, no purgatório, etc. O anti-Cristo ensina que a fé é obtida por aquelas maneiras que se opõem à verdade, e que são contra os mandamentos de Deus.
2. A idolatria nos diversos aspectos.
3. Também pela impiedade da simonia.
4. Deixando as fontes de água viva dada pela pela graça, e bebendo das cisternas rotas, adorando, honrando e servindo a criatura, mediante oração, jejuns, sacrifícios, doações, ofertas, peregrinações e invocações.
5. Apoiando-se em si mesmo para a aquisição da graça, que apenas pode ser dada por Deus em Cristo. Em vão trabalham, e amam suas riquezas e suas vidas. A verdade é que eles não apenas perdem esta presente vida, mas também aquela que há de ser. Porque está escrito: “A esperança do tolo perecerá. "
*- O que dizer da bendita Virgem Maria? - A bendita Virgem Maria foi cheia de graça, o quanto lhe era necessária para si, mas não para comunicar aos outros; pois Jesus apenas é cheio de graça e pode comunicar essa graça a quem desejar. "Temos recebido de Sua plenitude graça por graça. "
*- No que consiste a vida eterna? - Em uma fé viva e operante e na perseverança da mesma. Nosso Salvador disse em João 17:3: “A vida eterna é esta que te conheçam a Ti como único Deus e a Jesus Cristo a quem enviastes. ""Aquele que perseverar até o fim será salvo. "