

Desde que Satanás lançou no Éden a grande mentira da imortalidade da alma — “certamente não morrereis” — ele tem procurado sustentar esta falsidade, fazendo aparecer, aos habitantes da Terra, anjos caídos (demônios) em forma de pessoas falecidas, para fazê-los crer que o homem, ao morrer, realmente desprende uma “alma” imortal que sobrevive ao corpo em estado de consciência. Os demônios têm poder para reproduzir com exatidão a aparência, os gestos, as expressões, o tom da voz, etc. A contrafação é perfeita. Ao mando de Satanás, eles se manifestam aos vivos, arvorados em “almas” ou “espíritos” desincorporados de parentes ou amigos que desceram à sepultura. Pretendem estar felizes a gozar as venturas do Céu, e dizem que são mandados à Terra como “espíritos ministradores, enviados para servir em favor daqueles que hão de herdar a salvação”. Conhecem com precisão o passado dos viventes, em todos os seus detalhes, e podem relatar-lhes todos os incidentes de sua vida desde o início. Nenhum mistério há para eles neste sentido. Pretendem alimentar profundo interesse pelo bem-estar deles e dizem que são comissionados para sobre eles pairar, iluminá-los, e confortá-los nas horas amargas. Muitas vezes lhes dão bons conselhos e os advertem contra o mal. Assim, ganham a confiança daqueles com quem se comunicam, e, em seguida, lhes ensinam coisas que estão em contraste direto com a Palavra de Deus, arrastando-os, desta maneira, para a perdição. Esses espíritos enganadores põem de lado a Lei de Deus, desprezam o Espírito da graça, têm em conta de profano o sangue do concerto, refugam a mediação de nosso Salvador no santuário celestial e negam a divindade de Cristo. Nenhuma distinção fazem entre o justo e o injusto, entre o puro e o impuro, entre o santo e o profano.
A necromancia e feitiçaria da antiguidade, e todas as formas de sortilégio e idolatria que, desde tempos remotos, se haviam espalhado entre as nações da Terra, giravam em torno da comunicação com demônios personificando parentes ou amigos mortos. Aqueles que se entregavam a essa prática pretendiam ser instruídos e iluminados por espíritos de pessoas falecidas. Os deuses dos pagãos eram os pretensos espíritos dos heróis que haviam morrido. Em suma, a religião dos pagãos era, e ainda hoje é, o culto aos mortos. Isto podemos notar pelas Escrituras Sagradas. Está escrito que os moabitas “convidaram o povo (de Israel) aos sacrifícios dos seus deuses; e o povo comeu, e inclinou-se aos seus deuses. Juntando-se pois Israel a Baalpeor [...] ” Números 25:1-3. Esses “deuses” eram justamente os mortos, pois o salmista, referindo-se àquela experiência dos israelitas, diz: “Juntaram-se com Baalpeor, e comeram os sacrifícios oferecidos aos mortos” (Salmos 106:28). Israel participara dos sacrifícios dos “mortos”, que eram os “deuses” dos pagãos. A Bíblia declara que o culto aos mortos é culto aos demônios. “As coisas que os gentios sacrificam”, diz o apóstolo, “as sacrificam aos demônios, e não a Deus. E não quero que sejais participantes com os demônios” (1 Coríntios 10:20). Supondo render culto aos mortos, cultuavam em realidade os demônios.
Aos israelitas Deus proibira terminantemente cultuar ou consultar os mortos. Lemos isto em diversas partes da Bíblia. E a desobediência a esta proibição era punida com pena de morte. Tão abominável é aos olhos do Senhor essa prática idólatra! Escreveu o profeta Isaías: “Quando vos disserem: Consultai os que têm espíritos familiares e os adivinhos, que chilreiam e murmuram entre dentes; — não recorrerá um povo ao seu Deus? A favor dos vivos interrogar-se-ão os mortos? À Lei e ao Testemunho! se eles não falarem segundo esta palavra, nunca verão a alva” (Isaías 8:19-20). E lemos noutra parte: “Quando entrares na terra que o Senhor teu Deus te der, não aprenderás a fazer conforme as abominações daquelas nações. Entre ti se não achará quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro, nem encantador de encantamentos, nem quem consulte um espírito adivinhante, nem mágico, nem quem consulte os mortos: pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao Senhor, e por estas abominações o Senhor teu Deus as lança fora de diante dEle [...] Porque estas nações, que hás de possuir, ouvem os prognosticadores e os adivinhadores; porém, a ti o Senhor teu Deus não permitiu tal coisa” (Deuteronômio 18:9-14). “Quando, pois, algum homem ou mulher em si tiver um espírito adivinho, ou for encantador, certamente morrerão; com pedras se apedrejarão; o seu sangue é sobre eles” (Levítico 20:27).
Essa antiga idolatria pagã penetrou também sob o nome de “missa pelos mortos” e “invocação aos santos”, na professa igreja cristã, e a necromancia e feitiçaria da antiguidade, através das portas da grande mentira da imortalidade da alma, introduziu-se também, sob o nome de “espiritismo”, entre os cristãos. Tanto a idolatria e necromancia antiga, como o espiritismo moderno, giram em torno da pretensa comunicação com os mortos e têm por base a mentira lançada por Satanás no Éden: “Certamente não morrereis”. O aparecimento do espiritismo entre os cristãos professos está predito na Bíblia: “ [...] nos últimos tempos”, escreve o apóstolo Paulo, “apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios” (1 Timóteo 4:1). A operação de abundantes e grandes maravilhas por Satanás, mediante o espiritismo, os padres milagreiros e operadores de prodígios em geral, declara o apóstolo Paulo ser um dos sinais da breve volta do Salvador. Há hoje muitos operadores de milagres que não se dizem espíritas, mas, de qualquer maneira, o poder mediante o qual fazem seus prodígios, vem de Satanás. O apóstolo João, falando do poder efetuador de milagres que havia de surgir nos últimos dias, escreve: “Faz grandes sinais, de maneira que até fogo faz descer do céu à terra, à vista dos homens. E engana os que habitam na Terra com sinais que lhe foi permitido que fizesse” (Apocalipse 13:13-14). E Cristo, respondendo à pergunta dos discípulos: “Que sinal haverá da Tua vinda e do fim do mundo’?”, disse, entre outras coisas, o seguinte: “Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos” (Mateus 24:24).
O espiritismo opera coisas admiráveis: Ruídos que revelam certa inteligência -- por exemplo: toda a classe de golpes e imitação de sonidos; movimento de objetos, também com sinais de inteligência, tais como: mesas, sofás, cadeiras, etc.
são movidos do lugar, levantados do chão, empurrados, etc.; o abrir e fechar de portas; o uso de instrumentos de música; o abrir de uma caixa de dinheiro bem fechada; o escrever com pena ou lápis sobre papel, ou com giz sobre a lousa, etc.; diferentes atividades musculares, nervosas e espirituais dos médiuns, independentes de qualquer influência de outros seres terrestres, seguidas pelo falar, escrever, pregar, ler, filosofar e profetizar dos médiuns; aparição do braço ou mão de um espírito ou da forma humana completa; conversação entre pessoas defuntas; contato com entes mortais e outras provas sensíveis de sua existência; intervenções cirúrgicas; mensagens de consolação; avisos de acontecimentos futuros e desconhecidos, que se confirmam mais tarde; receitas de remédios de bom efeito; advertências contra perigos; etc. tudo isto sem intervenção de mãos ou inteligência humana.
Estes fenômenos notáveis se têm realizado na presença de fisiólogos, químicos, físicos, matemáticos, naturalistas, etc., e todos estes têm confirmado que, pelo espiritismo, atuam maravilhosas forças invisíveis. O espiritismo conta hoje com muitos milhões de adeptos.
O espiritismo reveste-se de uma capa de sabedoria, e, sob forma de uma ciência elevada, tem penetrado também nos círculos intelectuais, atraindo muitas pessoas de todos os ramos do conhecimento. Muitos visitam centros espíritas por mera curiosidade apenas e se esforçam para explicar as manifestações que ali se verificam, dizendo que não se trata de outra coisa senão de embuste por parte do médium. É verdade que muitas vezes têm sido apresentados artifícios fraudulentos como manifestações extraordinárias. Mas tem igualmente havido muitas e inegáveis exibições de poder sobrenatural. E quando os duvidosos as defrontam, são levados a aceitá-las como manifestações do grande poder de Deus. Assim é que milhares e mais milhares, de todas as classes sociais e graus de cultura, inclusive ateus declarados, caem na arapuca do príncipe das trevas. São enganados não pelo que o espiritismo pretende fazer, mas pelo que faz na realidade. Tal já não aconteceria se tivessem conhecimento das preciosas verdades contidas nas Escrituras Sagradas, pois estas lhes serviriam de escudo contra os dardos de mentira do maligno.
Não se pode negar que o espiritismo é pródigo na prática da caridade, mas nem por isso deixa de ser um sistema satânico. Satanás não se revela aos homens tal qual ele é na realidade, pois, se o fizesse, ninguém cairia nas suas ciladas. Um sepulcro pode estar limpo e caiado por fora, e cheio de “ossos de mortos e de toda imundícia” (Mateus 23:25-27) por dentro. Assim, também, Satanás pode servir-se da capa do bem para debaixo dela introduzir o mal: pode, sob a máscara de algumas verdades, introduzir muitas e perigosas mentiras. Isto “não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz” (2 Coríntios I 1: 14). Jesus estabeleceu uma regra que nos permite discernir entre o falso e o verdadeiro em matéria de religião: “Por seus frutos os conhecereis” (Mateus 7:16).
E quais são os frutos do espiritismo? Vícios destruidores do corpo e do espírito, crimes de toda espécie, adultério, suicídio, demência, etc. O espiritismo, mais do que qualquer outra coisa, é que está a encher os hospícios.
Os demônios, com o seu espírito (poder), operam nos homens, induzindo-os a praticar toda sorte de males para sua própria destruição e da dos outros. No tempo de Jesus havia muitas pessoas possessas de demônios. Estes faziam seus cativos, como joguetes nas suas mãos, sofrer de muitas maneiras. A “muitos endemoninhados” (Mateus 8:16) Jesus curou. Certa vez saíram-lhe ao encontro “dois endemoninhados, vindos dos sepulcros; tão ferozes eram que ninguém podia passar por aquele caminho” (Mateus 8:28). Eram homens de mente transtornada, andando nus, espumando pela boca, e com o corpo todo ferido. Não era apenas um demônio que os atormentava, mas “muitos”, uma “legião” (Marcos 5:9). Jesus expulsou esses espíritos imundos e lhes permitiu que entrassem numa manada de porcos que ali pastava; “e a manada se precipitou por um despenhadeiro no mar” e afogaram-se. E eis aqueles dois homens, que eram atormentados pela legião de demônios, assentados aos pés de Cristo, vestidos, serenos e “em perfeito juízo” (verso 15). Noutra ocasião um homem trouxe seu filho perante Jesus, dizendo: “Senhor, tem misericórdia de meu filho, que é lunático e sofre muito; pois muitas vezes cai no fogo, e muitas vezes na água”; “o meu filho [...] tem um espírito mudo; e este, onde quer que o apanha, despedaça-o, e ele espuma, e range os dentes, e vai-se secando; e eu disse aos Teus discípulos que o expulsassem, e não puderam. E Ele, respondendo-lhes, disse: Ó geração incrédula! até quando estarei convosco? Até quando vos sofrerei ainda? Trazei-Mo. E trouxeram-Lho; e, quando Ele O viu, logo o espírito o agitou com violência, e, caindo o endemoninhado por terra, revolvia-se, espumando [...] E Jesus, vendo que a multidão concorria, repreendeu o espírito imundo, dizendo-lhe: Espírito mudo e surdo, Eu te ordeno: Sai dele, e não entres mais nele. E ele, clamando, e agitando-o com violência, saiu; e ficou o menino como morto, de tal maneira que muitos diziam que estava morto. Mas Jesus, tomando-o pela mão, o ergueu, e ele se levantou. E, quando entrou em casa, os Seus discípulos Lhe perguntaram à parte: Por que o não pudemos nós expulsar? E disse-lhes: Esta casta (de demônios) não pode sair com coisa alguma, a não ser com oração e jejum” (Mateus 17:14-21; Marcos 9:1729). Outro caso é relatado no Evangelho de Lucas: “E estava na sinagoga um homem que tinha um espírito de um demônio imundo, e exclamou em alta voz dizendo: Ah! Que temos nós contigo, Jesus Nazareno? vieste a destruir-nos? Bem sei Quem és: o Santo de Deus. E Jesus o repreendeu, dizendo: Cala-te, e sai dele. E o demônio, lançando-o por terra no meio do povo, saiu dele sem lhe fazer mal” (Lucas 4:33-35). Além destes, Jesus curou muitos outros.
Hoje em dia muitos há que pretendem ter de Deus o poder de expelir espíritos imundos, mas, em realidade, não os expelem efetiva e definitivamente. Os demônios apenas fingem que são expulsos. Retiram-se voluntariamente e voltam mais tarde. Satanás, assim procedendo, tem em mira infundir na mente dos homens a ideia de que as pessoas que aparentemente expulsam demônios, o fazem pelo poder de Deus, e que, por isso, os ensinos dessas pessoas devem ser verdadeiros. E, assim, muitas pessoas iludidas pela manifestação de poder sobrenatural, caem no laço de Satanás, aceitando a mentira por verdade. Mas alguém poderá agora perguntar: “Quando alguém expulsa demônios e opera maravilhas, como se há de saber se o faz pelo poder de Deus ou pelo poder de Satanás?” — uma pergunta, aliás muito justa. A resposta é esta: “pelos seus frutos os conhecereis” (Mateus 7:20); e ainda esta: “Todo aquele que prevarica, e não persevera na doutrina de Cristo, não tem a Deus; quem persevera na doutrina de Cristo, esse tem tanto ao Pai como ao Filho” (2 João 9). Se alguém, cuja conduta seja reprovável, sendo beberrão, fumante ou tendo outros vícios, e sendo transgressor da Lei de Deus, e cujos ensinos e fé estejam em contraste com a “sã doutrina” (2 Timóteo 4:3) contida na Bíblia, disser que expulsa demônios e operar grandes maravilhas, ainda que o faça em nome de Jesus, podemos ter a certeza de que as suas obras são efetuadas pelo poder do maligno. Disse Jesus a este respeito: “Portanto, pelos seus frutos os conhecereis. Nem tudo o que Me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos Céus, mas aquele que faz a vontade de Meu Pai, que está nos céus. Muitos Me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em Teu nome? e em Teu nome não expulsamos demônios? e em Teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de Mim, vós que praticais a iniqüidade” (Mateus 7:20-23).
Citamos atrás alguns exemplos de possessos atormentados pelos demônios que sobre eles exerciam influência. Contudo, nem todos os endemoninhados padecem. Aqueles que se submetem inteiramente à influência dos espíritos malignos, fazendo toda a sua vontade, não precisam sofrer. Desta sorte era Simão o mago (Atos 8:9-10); o feiticeiro Elimas, ao qual o apóstolo Paulo disse: “ó filho do diabo, cheio de todo o engano e de toda a malícia, inimigo de toda a justiça, não cessarás de perturbar os retos caminhos do Senhor? Eis aí, pois, agora contra ti a mão do Senhor, e ficarás cego, sem ver o sol por algum tempo. E no mesmo instante a escuridão e as trevas caíram sobre ele, e, andando à roda, buscava a quem o guiasse pela mão” (Atos 13:10-11); e também a jovem pitonisa de Filipos, “que tinha espírito de adivinhação”, e, “adivinhando, dava grande lucro aos seus senhores” (Atos 16:16).
Os que antigamente se entregavam às artes da necromancia e sortilégio tinham lugar preeminente junto aos governos das nações. Quando Moisés, no tempo da libertação dos israelitas da servidão egípcia, se apresentou, como enviado de Deus, a Faraó, com sinais operados pelo poder do Senhor em testemunho de sua missão, o rei do Egito mandou chamar os seus feiticeiros, e estes, de início, contrafizeram, pelo poder de Satanás, aqueles prodígios. Lemos a este respeito: “E o Senhor falou a Moisés e a Arão, dizendo: Quando Faraó vos falar, dizendo: Fazei por vós algum milagre; dirás a Arão: Toma a tua vara, e lança-a diante de Faraó; e se tornará em serpente. Então Moisés e Arão entraram a Faraó, e fizeram `assim como o Senhor ordenara; e lançou Arão a sua vara diante de Faraó, e diante dos seus servos, e tornou-se em serpente. E Faraó também chamou os sábios e encantadores; e os magos do Egito fizeram também o mesmo com os seus encantamentos. Porque cada um lançou sua vara, e tornaram-se em serpentes; mas a vara de Arão tragou as varas deles. Porém o coração de Faraó se endureceu, e não os ouviu, como o Senhor tinha dito. Então disse o Senhor a Moisés: O coração de Faraó está obstinado; recusa deixar ir o povo. Vai pela manhã a Faraó; eis que ele sairá às águas; põe-te em frente dele na praia do rio e tomarás em tua mão a vara que se tornou em cobra. E lhe dirás: O Senhor, o Deus dos hebreus, me tem enviado a ti, dizendo: Deixa ir o Meu povo, para que Me sirva no deserto; porém eis que até agora não tens ouvido. Assim diz o Senhor: Nisto saberás que Eu sou o Senhor: Eis que eu com esta vara, que tenho em minha mão, ferirei as águas que estão no rio e tornar-se-ão em sangue; e os peixes, que estão no rio, morrerão, e o rio cheirará mal; e os egípcios nausear-se-ão, bebendo a água do rio. Disse mais o Senhor a Moisés: Dize a Arão: Toma tu a vara, e estende a tua mão sobre as águas do Egito, sobre as suas correntes, sobre os seus rios, e sobre os seus tanques, e sobre todo o ajuntamento das suas águas, para que se tornem em sangue; e haja sangue em toda a terra do Egito; assim nos vasos de madeira como nos de pedra. E Moisés e Arão fizeram assim como o Senhor tinha mandado; e levantou a vara, e feriu as águas que estavam no rio, diante dos olhos de Faraó, e diante dos olhos de seus servos; e todas as águas do rio se tornaram em sangue. E os peixes, que estavam no rio, morreram, e o rio fedeu, e os egípcios não podiam beber a água do rio; e houve sangue por toda a terra do Egito. Porém os magos do Egito também fizeram o mesmo com os seus encantamentos; de maneira que o coração de Faraó se endureceu, e não os ouviu, como o Senhor tinha dito” (Êxodo 7:8-22).
E, depois disto, “Arão estendeu a sua mão sobre as águas do Egito, e subiram rãs, e cobriram a terra do Egito. Então os magos fizeram o mesmo com os seus encantamentos, e fizeram subir rãs sobre a terra do Egito. E Faraó chamou a Moisés e Arão, e disse: Rogai ao Senhor que tire as rãs de mim e do meu povo; depois deixarei ir o povo, para que sacrifiquem ao Senhor” (Êxodo 8:6-8). Mas a terceira praga, a dos piolhos, os magos já não a puderam imitar. “Arão estendeu a sua mão com a sua vara, e feriu o pó da terra, e havia muitos piolhos nos homens e no gado; todo o pó da terra se tornou em piolhos em toda a terra do Egito. E os magos fizeram também encantamentos para produzirem piolhos, mas não puderam; e havia piolhos nos homens e no gado. Então disseram os magos a Faraó: Isto é o dedo de Deus” (Êxodo 8:17-19). O poder de Satanás é limitado; nem tudo ele é capaz de arremedar. Depois destas coisas operaram-se ainda sete outras maravilhas pelo poder de Deus (capítulos 8 a 12), mas os magos não as puderam imitar nem conseguiram deter as pragas enviadas pelo Senhor.
Também junto à corte de Babilônia havia os que praticavam diversas formas de magia. Lemos que “no segundo ano do reinado de Nabucodonosor teve Nabucodonosor uns sonhos; e o seu espírito se perturbou, e passou-se-lhe o seu sono. E o rei mandou chamar os magos, e os astrólogos, e os encantadores, e os caldeus, para que declarassem ao rei qual tinha sido o seu sonho; e eles vieram e se apresentaram diante do rei. E o rei lhes disse: Tive um sonho, e para saber o sonho está perturbado o meu espírito. E os caldeus disseram ao rei em siríaco: ó rei, vive eternamente! dize o sonho a teus servos, e daremos a interpretação. Respondeu o rei, e disse aos caldeus: O que foi me tem escapado; se me não fizerdes saber o sonho e a sua interpretação, sereis despedaçados, e as vossas casas serão feitas um monturo; mas se vós me declarardes o sonho e a sua interpretação, recebereis de mim dons, e dádivas, e grande honra. Portanto declarai-me o sonho e a sua interpretação”. “Responderam os caldeus na presença do rei, e disseram: Não há ninguém sobre a Terra que possa declarar a palavra ao rei; pois nenhum rei há, senhor ou dominador, que requeira coisa semelhante de algum mago, ou astrólogo, ou caldeu. Porquanto a coisa que o rei requer é difícil, ninguém há que a possa declarar diante do rei, senão os deuses, cuja morada não é com a carne. Então o rei muito se irou e enfureceu, e ordenou que matassem a todos os sábios de Babilônia” (Daniel 2:1-6, 10-12). Mas aquilo que os magos, pelo limitado poder de Satanás, não puderam fazer, Daniel, servo de Deus, o pôde pelo ilimitado poder do Senhor. O capitão da guarda real “introduziu Daniel na presença do rei, e disse-lhe assim: Achei um dentre os filhos dos cativos de Judá, o qual fará saber ao rei a interpretação. Respondeu o rei, e disse a Daniel (cujo nome era Beltessazar): Podes tu fazer-me saber o sonho que vi e a sua interpretação? Respondeu Daniel na presença do rei, e disse: O segredo que o rei requer, nem sábios, nem astrólogos, nem magos, nem adivinhos o podem descobrir ao rei; mas há um Deus nos céus, o Qual revela os segredos; Ele, pois, fez saber ao rei Nabucodonosor o que há de ser no fim dos dias. O teu sonho e as visões da tua cabeça na tua cama são estas..” (Versos 25 a 28).
Os que praticam a feitiçaria e magia em suas diversas formas, quer consultando os pretensos espíritos dos mortos, quer baseando-se nos movimentos dos astros, quer tirando informações de outros quaisquer sinais convencionais de Satanás, serão todos destruídos, pois Deus abomina estas coisas. “Deixa-te estar com os teus encantamentos, e com a multidão das tuas feitiçarias em que trabalhaste desde a tua mocidade, a ver se podes tirar proveito, ou se porventura te podes fortificar. Cansaste-te na multidão dos teus conselhos; levantem-se pois agora os agoureiros dos Céus, os que contemplavam os astros, os prognosticadores das luas novas, e salvem-te do que há de vir sobre ti. Eis que serão como a pragana, o fogo os queimará; não poderão salvar a sua vida do poder da labareda..” (Isaías 47:12-14).