E. G. WHITE, COMENTA
- Determinado-se Roma a exterminar a odiada seita, uma bula foi promulgada pelo papa ( Inocêncio VIII ), condenando-os como hereges e entregando-os ao morticínio. Não eram acusados como ociosos, desonestos ou desordeiros; mas declarava-se que tinham uma aparência de piedade e santidade que seduzia as "ovelhas do verdadeiro aprisco. " Portanto ordenava o papa que "aquela maligna e abominável seita de perversos,"caso se recusassem a abjurar,"fosse esmagada como serpentes venenosas. "- Wylie. Esperava o altivo potentado ter que responder por estas palavras? Sabia que estavam registrados nos livros do Céu, para lhe serem apresentadas no juízo? "Quando o fizestes a um destes Meus pequeninos irmãos," disse Jesus, "a Mim o fizestes. " Mt. 25:40.
Essa bula convocava todos os membros da igreja para se unirem à cruzada contra os hereges. Como incentivo para se empenharem na obra cruel, "absolvia a todas as penas e castigos eclesiásticos gerais e particulares; desobrigava todos os que se unissem à cruzada de qualquer juramento que pudessem ter feito; legitimava-lhes o direito a qualquer propriedade que pudessem ter ilegalmente adquirido; e prometia remissão de todos os pecados aos que matassem algum herege. Anulava todos os contratos feitos em favor dos valdenses, ordenava que seus criados os abandonassem, proibia a toda pessoa dar-lhes qualquer auxílio que fosse e a todos permitia tomar posse de suas propriedades. " - Wylie. Este documento revela claramente o espírito que o ditou. É o bramido do dragão, e não a voz de Cristo, que nele se ouve.
Os dirigentes papais não queriam conformar seu caráter com a grande norma da lei de Deus, mas erigiram uma norma que lhes fosse conveniente, e decidiram obrigar todos a se conformarem com a mesma porque Roma assim o desejava. As mais horríveis tragédias foram encenadas. Sacerdotes e papas corruptos e blasfemos estavam a fazer a obra que Satanás lhes designava. A misericórdia não encontrava guarida em sua natureza. O mesmo espírito que crucificou a Cristo e matou os apóstolos, o mesmo que impulsionou o sanguinário Nero contra os fiéis de seu tempo, estava em operação a fim de exterminar da Terra os que eram amados de Deus. - O Grande Conflito, pág. 74.
WILLIAM BEATTIE, COMENTA ESTA TERRÍVEL PERSEGUIÇÃO
- Perto do final de Século XV, uma tempestade que há muito tempo havia estado se acumulando sobre esse povo piedoso, irrompeu sobre eles em uma série de perseguições.
Preconceito e superstição, as mais grosseiras calúnias, agora os identificavam como hereges, contra quem seus vizinhos manifestavam o ódio. Roma fulminava seus anátemas. Suas vidas e propriedades ficaram à mercê dos inquisidores. Impossibilitados de todo contato social, denunciados pelos sacerdotes, perseguidos com espias, sobrecarregados com impostos - nada lhes restava, a não ser a pureza de suas consciências, nenhum refúgio a não ser o altar de seu Deus.
Mas a dureza da perseguição parecia apenas aumentar a força e a resolução deles. Embora violência aberta e tramas secretos e os soldados do Estado e assassinos assalariados se unissem para exterminara a raça proscrita e erradicar seu próprio nome dos Vales; embora marcados como as vítimas de massacre indiscriminado, de serem roubados por ordens civis e eclesiásticas, de tortura, extorsão e fome, - sua resolução para perseverar na verdade permaneceu inabalável.
Cada espécie de punição que a crueldade pôde inventar ou a espada podia infligir, exauriu suas energias em vão, - nada podia subverter sua fé ou subjugar sua coragem. Na defesa de seus direitos naturais como homens; no apego aos seus insultados credos como membros da igreja primitiva; na resistência àqueles editos de extermínio que desolaram suas casas, e destruiria mesmo seus altares com sangue, - os valdenses exibiram um espetáculo de fortaleza e resistência que não tem paralelo na história. Atraiu a simpatia da cristandade e mesmo expressões de admiração de seus inimigos. - Ver os testemunhos dados por : Reinerus contra Valdenses; Thuani History; Barônios , ad. Am XII, 127; Comerarius e numerosos outros testemunhos.
Eles preferiram o exílio e confiscação do que negar a verdade. Eles pereceram nas prisões, pela fome e uma série de crueldades que nos comovemos diante de tal espetáculo. "Foram apedrejados. . . andaram peregrinos. . . homens dos quais o mundo não era digno, errantes pelos desertos, pelos montes, pelos antros da Terra"( Hb. 11:37,38), contudo mantiveram a fé de seus pais. -
J. A. WYLIE, COMENTA A TRAGÉDIA DESSA PERSEGUIÇÃO
- Era o ano 1487. Meditava-se um grande golpe. O processo de purificar os Vales estava enfraquecido.
1. O papa Inocêncio VIII, que então ocupava a cadeira papal, relembrou de seu renomado predecessor, Inocêncio III, que por um ato de sumária vingança havia eliminado a heresia albigense no sul da França.
2. Imitando o rigor de seu predecessor, Inocêncio VIII desejava purificar os Vales do Piemonte tão eficazmente e de modo tão rápido como Inocêncio III havia feito nas planícies de Dauphine e Provença.
* O primeiro passo dado pelo papa foi a promulgação de uma bula;
1. Denunciando como hereges aqueles a quem ele entregasse à matança.
2. Esta bula, de acordo com o método de todos estes documentos, foi expresso em termos tão aparentemente santos quanto seu espírito era cruel e inexorável. Não trazia nenhuma acusação contra esses homens, como sendo transgressores de leis, indolentes, desonestos ou desordeiros. A falta deles consistia que eles não adoravam como Inocêncio VIII adorava, e que eles praticavam "uma aparente santidade" que tinha o efeito de seduzir as ovelhas do verdadeiro redil, portanto o papa ordena que:
3. "Aquela abominável e maliciosa seita de malignos"se eles "se recusarem a abjurar, devem ser esmagados como serpentes venenosas. " Leger apresenta a Bula em sua íntegra e afirma que havia feito uma cópia fiel dela e de outros documentos na Biblioteca da Universidade de Cambridge.
* Para levar avante sua bula, o papa Inocêncio VIII apontou Alberto Cataneo, arqui-diácono de Cremona, seu legado, outorgando-lhe a missão de ser o principal condutor desse empreendimento;
1. Além disso fortaleceu a missão de seu legado, enviando cartas em seu nome a todos os príncipes, duques, governantes dentro daqueles domínios onde os Vaudois deviam ser cassados.
2. O papa especialmente escreveu a favor de seu legado para Carlos VIII da França e Carlos II de Savoia, ordenando-lhes que o apoiassem com toda a força de suas armas.
3. A bula convidava a todos os católicos a alistarem-se na cruzada contra os hereges, e para estimulá-los nesta piedosa obra "absolvia-os de todas as penitências e castigos eclesiásticos, públicos e particulares. Legitimava como título de qualquer propriedade que pudessem ter ilegalmente adquirido; e prometia remissão de todos os pecados daqueles que matassem qualquer herege. Anulava todos os acordos feitos em favor dos vaudois e ordenava seus servos a abandoná-los; proibia qualquer pessoa de oferecer-lhes qualquer ajuda, e concedia poderes a toda pessoa apoderar-se de suas propriedades. "
4. Estes eram poderosos incentivos - pleno perdão e liberdade de posse ilegal irrestrita. Despertaram o zelo das populações vizinhas, sempre prontas para demonstrar sua devoção a Roma em derramar o sangue e apoderar-se dos bens dos valdenses.
* O rei da França e o duque de Savoia atenderam à convocação do Vaticano:
1. Rapidamente ergueram suas bandeiras, alistaram soldados para a santa causa, e logo um numeroso exército estava em marcha para as montanhas para massacrar seus habitantes antigos, estes confessores do evangelho puro e incontaminado.
2. Junto com este exército se uniram uma multidão de "voluntários vagabundos"diz Muston, "ambiciosos fanáticos, pilhadores, assassinos sem misericórdia, reunidos de todas as partes da Itália. " Muston, Israel of the Alpes, p. 10.
* Antes que todos estes preparativos tivessem sido concluídos, já era o mês de junho de 1. 488. A bula papal foi levada a todos os países e a preparação era efetuada de perto e de longe;
1. Pois não era apenas os valdenses das montanhas, mas sobre a raça valdense, em outros países, que este terrível golpe devia ser dado. - Leger, livro II, pág. 7.
2. Todos os reis foram convidados a desembainhar a espada a favor da igreja na execução de seu propósito de exterminação de seus inimigos.
3. Onde quer que os pés valdenses haviam pisado, o solo estava contaminado, e devia ser purificado; e onde quer que Salmos e orações dos vaudois haviam ascendido, havia uma heresia infecciosa, e ao redor daquele lugar um cordão devia ser posto para proteger a saúde espiritual do distrito.
4. A bula foi assim universal em sua aplicação - e quase o único povo que se achava ignorante eram aqueles pobres homens sobre quem estava terrível tempestade estava para desabar.
* Este exército conjunto somava cerca de 18. 000 soldados regulares:
1. A esta força se uniram milhares de espoliadores, que foram atraídos pela promessa de recompensas espirituais e temporais - saques e bens. - Leger, Livro II, p. 26.
2. A divisão piamontesa deste exército se dirigiram para os vales do lado italiano dos Alpes.
3. A divisão francesa, marchando do norte, avançou e atacou os habitantes dos Alpes Dauphinese, onde a heresia albigense, recobrando-se algo de sua força do massacre dos dias de Inocêncio III, começava agora a criar raízes.
4. Duas tempestades, de dois pontos extremos, ou melhor de todos os pontos, aproximavam-se daquelas poderosas montanhas, o santuário e cidadela da primitiva fé. Aquela lâmpada está finalmente para extinguir-se, que durante tantos séculos havia iluminado, e havia sobrevivido a tantas tempestades. A mão poderosa do papa é erguida para a execução do golpe fatal. - Ver descrição dos sofrimentos dessa perseguição no comentário de William Beattie.