

Adoração e Louvor
- Em: Teologia
- Por: Davi Paes Silva
“O Espírito opera em nosso coração, extraindo dele orações e penitência, louvor e ações de graças. A gratidão que emana de nossos lábios é resultado de o Espírito tocar as cordas da alma em santas memórias, despertando a música do coração.” Mensagens Escolhidas,
William Temple disse certa vez: “O mundo pode ser salvo apenas por uma coisa, e esta é adoração. Pois adorar é avivar a consciência pela santidade de Deus, alimentar a mente com a verdade de Deus, purificar a imaginação pela beleza divina, abrir o coração ao amor de Deus, devotar a vontade ao propósito de Deus.”
A tríplice mensagem angélica (Apocalipse 14:6-12) contém o verdadeiro princípio da adoração, que está relacionado com o evangelho eterno. A mensagem do primeiro anjo traz o mandato divino. “Adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas.” Apocalipse 14:7.
O principio contido na mensagem do primeiro anjo está, também, implícito no primeiro e no quarto mandamentos: “Não terás outros deuses diante de mim..”.. “Lembra-te do dia de sábado, para o santificar..”..“Porque, em seis dias, fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há e, ao sétimo dia, descansou; por isso, o SENHOR abençoou o dia de sábado e o santificou.” Êxodo 20:3, 8, 11.
Como demonstrado na Inspiração, a lei de Deus tem estadosempre relacionada com o evangelho. A verdadeira adoração somente é possível para aqueles que têm um conceito correto do caráter de Deus. A lei sem o evangelho, bem como o evangelho sem a lei, dão uma impressão unilateral e incompleta do caráter divino. O conflito entre a adoração verdadeira e a falsa começou no Céu quando Lúcifer pretendeu ser igual a Deus, e terminará quando Satanás reconhecer a soberania do Deus onipotente ao fim do grande conflito. Ainda que será tarde demais, Satanás “se curva e confessa a justiça de sua sentença.” O Grande Conflito, pág. 670.
Todo cristão sabe que o conflito que Lúcifer iniciou no Céu, envolve a raça humana. Antes que alguém peque, primeiro põe em dúvida a soberania divina e aceita a autoridade do arquiinimigo. Portanto, obediência a ou transgressão da lei divina depende do nosso conceito do verdadeiro Deus e do tipo de adoração que Lhe é devida. No começo da história bíblica, a diferença entre a adoração verdadeira e a falsa tornou-se evidente na vida de dois irmãos.
CAIM E ABEL
“Aconteceu que no fim de uns tempos trouxe Caim do fruto da terra uma oferta ao SENHOR. Abel, por sua vez, trouxe das primícias do seu rebanho e da gordura deste. Agradou-se o SENHOR de Abel e de sua oferta ao passo que de Caim e de sua oferta não se agradou.” Gênesis 4:3-5.
A forma de adoração reflete a fé ou a incredulidade do adorador. Se realmente cremos na Palavra de Deus, manifestaremos nossa fé ao adorar a Deus da devida maneira– como Ele ordenou.
“Caim e Abel, filhos de Adão, diferiam grandemente em caráter. Abel tinha um espírito de fidelidade para com Deus; via justiça e misericórdia no trato do Criador com a raça decaída, e com gratidão aceitou a esperança da redenção. Caim, porém, acariciava sentimentos de rebeldia, e murmurava contra Deus por causa da maldição pronunciada sobre a Terra e sobre o gênero humano, em virtude do pecado de Adão. Permitiu que a mente se deixasse levar pelo mesmo conduto que determinara a queda de Satanás, condescendendo com o desejo de exaltação própria, e pondo em dúvida a justiça e autoridade divinas.” Patriarcas e rofetas, pág. 71.
Tanto Caim como Abel foram instruídos por Deus e por seus pais sobre a verdadeira fé e a correta maneira de adorar. O problema entre os dois irmãos não estava no conhecimento deles, mas na disposição de aceitar o plano de Deus.
“Os dois irmãos de modo semelhante construíram seus altares, e cada qual trouxe uma oferta. Abel apresentou um sacrifício do rebanho, de acordo com as instruções do Senhor... Mas Caim, desrespeitando o mandado direto e explícito do Senhor, apresentou apenas uma oferta de frutos.
“Caim veio perante Deus com íntima murmuração e incredulidade, com respeito ao sacrifício prometido e necessidade de ofertas sacrificais. Sua dádiva não exprimia arrependimento de pecado.
Achava, como muitos agora, que seria um reconhecimento de fraqueza seguir exatamente o plano indicado por Deus, confiando sua salvação inteiramente à expiação do Salvador prometido.
Preferiu a conduta de dependência própria. Viria com seus próprios méritos. Não traria o cordeiro, nem misturaria seu sangue com a oferta, mas apresentaria seus frutos, produtos de seu trabalho.
Apresentou sua oferta como um favor feito a Deus, pelo qual esperava obter a aprovação divina. Caim obedeceu ao construir um altar, obedeceu ao trazer um sacrifício, prestou, porém, apenas uma obediência parcial. A parte essencial, o reconhecimento da necessidade de um Redentor, ficou excluída.
“Quanto ao que respeitava ao nascimento e instrução religiosa, esses irmãos eram iguais. Ambos eram pecadores e ambos reconheciam o direito de Deus à reverência e adoração. Segundo a aparência exterior, sua religião era a mesma até certo ponto; mas, além disto, a diferença entre os dois era grande.
“‘Pela fé Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim.’” Hebreus. 11:4.
Abel apreendeu os grandes princípios da redenção. Viu-se como um pecador, e viu o pecado e sua pena de morte de permeio entre sua alma e a comunhão com Deus. Trazia morta a vítima, aquela vida sacrificada, reconhecendo, assim, as reivindicações da lei, que fora transgredida. Por meio do sangue derramado, olhava para o futuro sacrifício, Cristo a morrer na cruz do Calvário; e, confiando na expiação que ali seria feita, tinha o testemunho de que era justo, e de que sua oferta era aceita.
“Caim e Abel representam duas classes que existirão no mundo até o final do tempo. Uma dessas classes se prevalece do sacrifício indicado para o pecado; a outra arrisca-se a confiar em seus próprios méritos; o sacrifício desta é destituído da virtude da mediação divina, e assim não é apto para levar o homem ao favor de Deus. É unicamente pelos méritos de Jesus que nossas transgressões podem ser perdoadas. Aqueles que não sentem necessidade do sangue de Cristo, que acham que, sem a graça divina, podem, pelas suas próprias obras, conseguir a aprovação de Deus, estão cometendo o mesmo erro de Caim. Se não aceitam o sangue purificador, achamse sob condenação. Não há outra providência tomada pela qual se possam libertar da escravidão do pecado.”
“A classe de adoradores que segue o exemplo de Caim inclui a grande maioria do mundo; pois quase toda a religião falsa tem-se baseado no mesmo princípio - de que o homem pode confiar em seus próprios esforços para a salvação. Alguns pretendem que a espécie humana necessita não de redenção, mas de esenvolvimento - que ela pode aperfeiçoar-se, elevar-se e regenerar-se. Assim como Caim julgava conseguir o favor divino com uma oferta a que faltava o sangue de um sacrifício, assim esperam estes exaltar a humanidade à norma divina, independentemente da expiação. A história de Caim mostra qual deverá ser o resultado. Mostra o que o homem se tornará separado de Cristo. A humanidade não tem poder para regenerar-se. Ela não tende a ir para cima, para o que é divino, mas para baixo, para o que é satânico. Cristo é a nossa única esperança. ‘Nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.’ ‘Em nenhum outro há salvação.” Atos 4:12.
“A verdadeira fé, que confia inteiramente em Cristo, manifestarse- á pela obediência a todos os mandamentos de Deus.” Patriarcas e Profetas, págs. 71 a 73.
O FARISEU E O PUBLICANO
“Propôs, também, esta parábola a alguns que confiavam em si mesmos, por se considerarem justos, e desprezavam os outros: Dois homens subiram ao templo com o propósito de orar: um, fariseu, e o outro, publicano. O fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo, desta forma: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano; jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho. O publicano, estando em pé, longe, não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, pecador! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que se exalta será humilhado; mas o que se humilha será exaltado.” Lucas 18:9-14.
Consideremos alguns pontos básicos desta parábola.
Lucas afirma que a parábola foi exposta “a alguns que confiavam em si mesmos, por se considerarem justos, e desprezavam os outros.”
Tanto o fariseu como o publicano subiram ao templo para orar.
Observemos a diferença entre os dois.
“O fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo.”
Em realidade o fariseu orava “de si mesmo” “para si mesmo” porque seu objetivo não era adorar a Deus, mas exteriorizar seu ego, suas chamadas boas obras, e sua aparência exterior. Tal atitude é uma abominação aos olhos de Deus. Isto não é adoração, portanto não sobe a Deus nem recebe Sua aprovação.
Em sua oração, o fariseu mencionou o pronome “eu” pelo menos quatro vezes.
Ele mencionou o que era, o que não era (segundo seu próprio conceito), o que fazia e o que não fazia. “Não sou como os demais homens”, “jejuo duas vezes por semana”, “dou o dízimo de tudo que possuo”, e assim por diante. A oração do publicano possuía os mesmos elementos da oração de Abel: “O Deus, se isericordioso para comigo, pecador.”
Ao final de sua oração, Abel estava justificado, e do mesmo modo o publicano. Caim estava em rebelião contra Deus, e assim estava o fariseu. Ambos etornaram de sua “adoração” tão vazios como chegaram.
“O fariseu sobe ao templo para adorar, não porque sente ser pecador necessitado de perdão, mas por julgar-se justo e esperar obter elogio. Considera sua adoração um ato meritório que o recomendará a Deus. Simultaneamente dará ao povo uma demonstração elevada de sua piedade. Esperava assegurar-se o favor de Deus e dos homens. Sua adoração é motivada pelo interesse próprio.
“Está cheio de louvor próprio. Isto é evidente em seu olhar, porte e oração. Apartando-se dos outros, como se quisesse dizer: ‘Não vos chegueis a mim, porque sou mais santo do que vós’, põe-se de pé e ora ‘consigo’. Isaías 65:5. Todo satisfeito consigo mesmo, pensa que Deus e os homens o consideram com igual complacência...
Julga seu caráter, não pelo caráter santo de Deus, mas pelo caráter de outros homens. Seu espírito desvia-se de Deus para a humanidade. Este é o segredo de sua satisfação própria.
“Prossegue enumerando suas boas ações: ‘Jejuo duas vezes na semana e dou os dízimos de tudo quanto possuo.’ Lucas. 18:12.
A religião do fariseu não toca a pessoa. Não atenta para o caráter semelhante ao de Deus, nem para o coração cheio de amor e misericórdia. Dá-se por contente com uma religião que só se refere à vida exterior. Sua justiça lhe é própria - é o fruto de suas próprias obras. E é julgada por um padrão humano.
“Todo aquele que em si mesmo confia que é justo, desprezará os demais. Como o fariseu, julga a si próprio por outros homens, julga aos outros por si. Sua justiça é avaliada pela deles e, quanto piores, tanto mais justo parece ele. Sua justiça própria leva-o a acusar. ‘Os demais homens’ condena ele como transgressores da lei de Deus. Deste modo manifesta o próprio espírito de Satanás, o acusador dos irmãos. Impossível lhe é neste espírito entrar em comunhão com Deus. Volta para sua casa destituído da bênção divina.
“O publicano entrou no templo juntamente com outros adoradores, mas, como se fosse indigno de tomar parte na devoção, apartou-se logo deles. ‘Estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito’, em profunda angústia e aversão própria. Sentia que transgredira a lei de Deus e era pecador e poluído. Não podia esperar nem mesmo piedade dos circunstantes; porque todos o observavam com desprezo. Sabia que em si não tinha méritos para o recomendar a Deus, e em absoluto desespero, clamou: ‘Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!’ Lucas 18:13. Não se comparou com outros. Esmagado por um senso de culpa, estava como que só, na presença de Deus. Seu único desejo era alcançar paz e perdão; sua única súplica, a bênção de Deus. E foi abençoado. ‘Digo-vos’, disse Cristo, ‘que este desceu justificado para sua casa, e não aquele.’ Lucas 18:14.
“O fariseu e o publicano representam os dois grandes em que se dividem os adoradores de Deus. Seus primeiros representantes encontram-se nos dois primeiros filhos nascidos neste mundo. Caim julgava-se justo, e foi a Deus com uma simples oferta de gratidão. Não fez confissão de pecado, nem reconheceu que carecia de misericórdia. Abel, porém, foi com o sangue que apontava ao Cordeiro de Deus. Foi como pecador que confessava estar perdido; sua única esperança era o imerecido amor de Deus. O Senhor Se agradou de seu sacrifício, mas de Caim e de sua oferta não Se agradou. A intuição de necessidade, o reconhecimento de nossa pobreza e pecado, é a primeira condição para sermos aceitos por Deus.” Parábolas de Jesus, págs. 150 a 152.
Enquanto a mensagem do primeiro anjo convida os habitantes da Terra para adorarem o verdadeiro Deus, o Criador e Redentor, o terceiro anjo adverte a humanidade contra a adoração da besta e sua imagem, e contra a recepção da marca do poder representado pela besta. De fato, desde o início do pecado no Céu, a questão principal sobre a qual todo o conflito se baseia, é se os seres inteligentes estão dispostos a aceitar a soberania de Deus. Eis porque a tríplice mensagem de Apocalipse 14–proclamando o evangelho eterno em sua plenitude, sem qualquer alteração, e em perfeita harmonia com a lei de Deus–busca restaurar a verdadeira de adoração nestes últimos dias. Adoraremos o Senhor corretamente apenas se tivermos um conceito correto de seu caráter justo e isericordioso.
Portanto, nossa forma de adoração – verdadeira ou falsa, seja numa atitude de obediência ou de desobediência – depende de nosso conceito de Deus e de Seu caráter. Esta questão está intimamente relacionada com o plano de salvação desde o início e estará conectada com ele até o fim.
Antes que o pecado contaminasse este planeta, “as estrelas da alva, juntas, alegremente cantavam, e rejubilavam todos os filhos de Deus.” Jó 38:7. Mas, quando nossos primeiros pais foram levados ao pecado, todo o céu se encheu de tristeza.
“O mundo que Deus fizera estava manchado pela maldição do pecado, e habitado por seres condenados à miséria e morte. Não parecia haver meio pelo qual pudessem escapar os que tinham transgredido a lei. Os anjos cessaram os seus cânticos de louvor. Por toda a corte celestial havia pranto pela ruína que o pecado ocasionara.” Patriarcas e Profetas, pág. 63.
Depois da erradicação final do pecado, o povo de Deus oferecerá adoração perfeita ao Todo-Poderoso.
“Ao revelar Jesus [aos redimidos] as riquezas da redenção e os estupendos feitos do grande conflito com Satanás, a alma dos resgatados fremirá com mais fervorosa devoção, e com mais arrebatadora alegria dedilharão as harpas de ouro; e milhares de milhares, e milhões de milhões de vozes se unem para avolumar o potente coro de louvor.” História da Redenção, pág. 433.
“Nas cortes celestiais não se entoará o cântico: A mim que me amei a mim mesmo, e me lavei a mim mesmo, e me redimi, a mim seja glória e honra, a bênção e o louvor. Mas essa é a nota predominante do cântico entoado por muitos aqui neste mundo.
Não sabem o que significa ser manso e humilde de coração; e não o querem saber, se o puderem evitar. Todo o evangelho se resume em aprender de Cristo, Sua mansidão e humildade.
“O que é justificação pela fé? - É a obra de Deus ao lançar a glória do homem no pó e fazer pelo homem aquilo que ele por si mesmo não pode fazer.” estemunhos para Ministros, pág. 456.
“Então, ouvi que toda criatura que há no céu e sobre a terra, debaixo da terra e sobre o mar, e tudo o que neles há, estava dizendo: Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos.” Apocalipse 5:13.
FARISAÍSMO, FORMALISMO E JUSTIÇA PRÓPRIA – UM PRINCÍPIO PAGÃO
Os próprios meios criados por Deus são, muitas vezes, pervertidos pelo homem para propósitos egoístas. Há sérios perigos ao usar os recursos divinos, não como meios para um fim, mas como um fim em si mesmos.
“Os fariseus procuravam exaltar-se pela rigorosa observância de formas, ao passo que tinham o coração cheio de inveja e contenda.” O Desejado de Todas as Nações, pág. 278.
“[Os Escribas e Fariseus] apegavam-se às formas mortas, e desviavam-se da verdade viva e do poder de Deus.” O Desejado de Todas as Nações, pág. 279.
“À medida que declinava a verdadeira piedade, tornavam-se mais zelosos de suas tradições e cerimônias.” O Desejado de Todas as Nações, pág. 242.
“É o serviço de amor que Deus aprecia. Quando falta esse, a mera rotina da cerimônia é-Lhe ofensiva. O mesmo quanto ao sábado. Visava este pôr os homens em comunhão com o Senhor; quando, porém, o espírito estava absorvido com enfadonhos ritos, o objetivo do sábado era contrariado. Sua observância meramente exterior era um escárnio.” –O Desejado de Todas as Nações, pág. 286.
“Uma religião legal nunca poderá conduzir almas a Cristo; pois é destituída de amor e de Cristo. Jejuar ou orar quando imbuídos de um espírito de ustificação própria é uma abominação aos olhos de Deus. A solene assembléia para o culto, a rotina das cerimônias religiosas, a humilhação externa, o sacrifício imposto, mostram que o que pratica essas coisas se considera justo, e com títulos ao Céu, mas tudo é engano. Nossas próprias obras jamais poderão comprar a salvação.” O Desejado de Todas as Nações, pág. 280.
Todos os atos de verdadeira adoração provém do Espírito Santo. Se alguém ora, canta, trabalha ou pratica qualquer ato religioso sem estar em comunhão com Deus está seguindo uma rotina vazia semelhante à dos pagãos. “Os pagãos consideravam suas orações como possuidoras em si mesmas do mérito de expiar pecados. Assim, quanto mais longas as orações, tanto maiores os merecimentos. Se se pudessem tornar santos por seus esforços, teriam em si mesmos alguma coisa de que se regozijar, algo de que se vangloriar. Essa idéia da oração é fruto do princípio de expiação individual, o qual jaz na base de todos os falsos istemas religiosos. Os fariseus haviam adotado essa idéia pagã acerca da oração, a qual não se acha de modo algum extinta em nossos dias, mesmo entre os que professam o cristianismo. A repetição de frases feitas, habituais, quando o coração não sente nenhuma necessidade de Deus, é da mesma espécie que as “vãs repetições” dos pagãos.
“A oração não é uma expiação pelo pecado; não possui em si mesma nenhuma virtude ou mérito. Todas as palavras floreadas de que possamos dispor não equivalem a um único desejo santo.
As mais eloqüentes orações não passam de palavras ociosas se não exprimirem os reais sentimentos do coração.” O Maior Discurso de Cristo, pág. 86.
Todo ato de verdadeira adoração é um ato de fé que se origina em Deus. Tão logo uma pessoa cai na rotina religiosa, suas ações costumeiras, sua oração e cântico formais, sem comunhão com Deus, equivalem às vãs repetições dos pagãos.
“E tudo que não provem da fé é pecado.” Romanos 14:23.
MESMO A ADORAÇÃO APRESENTADA POR CRENTES FIÉIS, FRUTO DO ESPÍRITO SANTO, É CONTAMINADA
Quando o crente está em comunhão com o Salvador, sob a direção do Espírito Santo, sua adoração não é em vão. No diálogo entre Cristo e a mulher samaritana, o princípio da adoração aceitável é claro.
“Nossos pais adoravam neste monte;” disse a mulher, “vós, entretanto, dizeis que, em Jerusalém, é o lugar onde se deve adorar. Disse-lhe Jesus: Mulher, podes crer-me que a hora vem, quando nem neste monte, nem em Jerusalém, adorareis o Pai. Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus. Mas vem a hora e já chegou em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores. Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade.” João 4:20-24.
“Não por procurar um monte santo ou um templo sagrado, são os homens postos em comunhão com o Céu. Religião não é limitar-se a formas e cerimônias exteriores. A religião que vem de Deus é a única que leva a Ele. Para O servirmos devidamente, é mister nascermos do divino Espírito. Isso purificará o coração e renovará a mente, dando-nos nova capacidade para conhecer e amar a Deus. Comunicar-nos-á voluntária obediência a todos os Seus reclamos. Esse é o verdadeiro culto. É o fruto da operação do Espírito Santo. É pelo Espírito que toda prece sincera é ditada, e tal prece é aceitável a Deus. Onde quer que a alma se dilate em busca de Deus, aí é manifesta a obra do Espírito, e Deus Se revelará a essa alma. A tais adoradores Ele busca. Espera recebê-los, e torná-los Seus filhos e filhas.” O Desejado de Todas as Nações,
pág. 189.
“A oração que provém de um coração sincero, quando se exprimem as simples necessidades da alma, da mesma maneira que pediríamos um favor a um amigo terrestre, esperando que o mesmo nos fosse concedido, eis a oração da fé. Deus não deseja nossos cumprimentos cerimoniais; mas o abafado grito de um coração quebrantado e rendido pelo senso de seu pecado e indizível fraqueza, esse alcançará o Pai de toda a misericórdia.” O Maior Discurso de Cristo, págs. 86 e 87.
“O Espírito opera em nosso coração, extraindo dele orações e penitência, louvor e ações de graças. A gratidão que emana de nossos lábios e resultado de o Espírito tocar as cordas da alma em santas memórias, despertando a musica do coração.
“Os cultos, as orações, o louvor, a penitente confissão do pecado sobem dos crentes fiéis qual incenso ao santuário celestial, mas, passando através dos corruptos canais da humanidade, ficam tão maculados que, a menos que sejam purificados por sangue, jamais podem ser de valor perante Deus. Não ascendem em imaculada pureza, e a menos que o Intercessor, que está à mão direita de Deus, apresente e purifique tudo por Sua justiça, não será aceitável a Deus. ‘Todo o incenso dos tabernáculo terrestres têm de umedecer-se com as purificadoras gotas do sangue de Cristo. Ele segura, perante o Pai, o incensário de Seus próprios méritos, nos quais não há mancha de corrupção terrestre. Nesse incensário reúne Ele as orações, o louvor e as confissões de Seu povo, juntando-lhes Sua própria justiça imaculada. Então, perfumado com os méritos da propiciação de Cristo, o incenso ascende perante Deus completa e inteiramente aceitável. Voltam, então, graciosas respostas.
“Oxalá vissem todos que quanto à obediência, penitência, louvor e ações de graças, tudo tem que ser colocado sobre o ardente fogo da justiça de Cristo! A fragrância desta justiça ascende qual nuvem em torno do propiciatório.” Mensagens Escolhidas, vol. 1, pág. 344.
Enfatizamos os pontos mais importantes dos últimos três parágrafos:
1. Todas as boas obras legítimas e todo ato de adoração genuína originam-se no Espírito Santo.
2. Embora a verdadeira adoração provenha do Espírito Santo, ao passar por nós torna-se maculada por causa de nossa tendências pecaminosas inerentes.
3. Toda adoração necessita ser purificada pelo sangue de Cristo e recebe o incenso de Sua justiça imputada para que alcance o trono divino em pureza imaculada. De outra maneira não é aceitável.
4. Se nossa adoração é aceitável a Deus, nosso Pai celestial ouve as nossas orações.
5. Dependemos da justiça de Cristo em todos os detalhes da vida. “Sem mim nada podeis fazer”, disse Jesus.
SUMÁRIO
Há duas classes de adoradores: Uma classe aceita o plano de Deus e obedece a todas as Suas instruções mediante a fé nos méritos de Cristo. A outra classe é composta daqueles que tentam adorar o Senhor de acordo com seus próprios planos e métodos, confiando em seus próprios méritos. Essas duas classes são representadas pelos dois irmãos (Caim e Abel), e pelos dois adoradores (o fariseu e o publicano). O fariseu representa aqueles que retornam tão vazios como vieram. O publicano tipifica os que são justificados por Deus, por confiarem unicamente na justiça imputada de Cristo.