

Samuel Morland, descreve : Os Processos e Regras dos Inquisidores contra os Valdenses:
1. Não se pode discutir com respeito a assuntos de Fé diante dos leigos.
2. Ninguém deve ser reputado como genuínos contritos arrependidos, mas somente aqueles que revelam os adeptos dos mesmos princípios e profissão de fé.
3. Aqueles que não acusam ou revelam os da mesma profissão, devem ser cortados da igreja como membros podres, para que não venha a corromper e infectar o resto.
4. Depois que alguém é entregue às armas seculares, não deve ser-lhe permitido se justificar, ou declarar sua inocência perante o povo, pois se tal pessoa é levada à morte, isso escandaliza os leigos, e se escapar, torna-se um preconceito à nossa religião.
5. Deve haver grande prudência em prometer a vida a qualquer pessoa perante o povo, que está condenado, pois nenhum herege seria queimado, se pudesse escapar em virtude de uma promessa. E no caso de prometer arrependimento perante o povo, e então ser julgado como digno de morte, isso naturalmente escandalizaria o povo, e o levaria a crer que foi injustamente condenado à morte.
6. O inquisidor deve sempre pressupor o fato e não vacilar; apenas inquirir com respeito às circunstâncias do fato, sendo esta maneira: Quantas vezes ele confessou ser um herege? Em qual quarto da casa eles estavam? E perguntas deste tipo.
7. O inquiridor deve segurar algum livro perante os acusados durante o exame, como se estivesse escrito ali toda a vida daquele a quem ele examina.
8. Deve ameaçá-lo com morte se não confessar, e dizer-lhe que ele é um homem morto, que ele deve pensar em sua alma, e renunciar totalmente a heresia, pois como ele deve morrer, deve desfazer-se daquilo que é sua perdição. E se ele responder, já que devo morrer, prefiro antes morrer nesta minha fé do que na fé da igreja católica, então esteja certo de que não há nenhuma esperança para tal pessoa, e portanto ele deve ser entregue o mais rápido possível à justiça.
9. Não há nenhuma esperança de convencer hereges pelo conhecimento das Escrituras Sagradas e Ciências, pois freqüentemente ocorre que pessoas eruditas são confundidas por estes hereges, e por este meio, os hereges se fortalecem quando verificam que mesmo estes homens sábios são enganados.
10. Aos hereges nunca deve ser permitido responder a qualquer coisa. . . E quando eles são pressionados por freqüentes interrogatórios, eles adquirem o costume de responder que são homens pobres e ignorantes, e incapazes de responder. E se eles percebem que os indagadores ao redor estão movidos de compaixão para com eles, por serem homens pobres e inofensivos, acusados injustamente, - então adquirem coragem, aparentam chorar como pobres miseráveis, e desta forma procuram escapar da inquirição, dizendo: Senhor, se eu tenho ofendido em alguma coisa, humildemente me arrependo, mas eu te peço que me libertes desta infâmia que me tem sido colocado simplesmente por pura malícia e inveja,pois é totalmente inverídica. Então deve o corajoso inquisidor não vacilar ou ser comovido por estas bajulações, nem dar ouvidos ou crença a qualquer dessas fábulas.
11. Finalmente, o inquisidor precisa convencê-los, assegurando-lhes que eles nada vão ganhar por juramento falso, pois há suficiente provas para convencê-los de outras formas. Portanto não devem pensar em escapar da sentença de morte por meio de juramentos. Mas o inquisidor deve prometer-lhes que se eles confessarem livremente seus erros, hão de encontrar misericórdia. Pois em tal perplexidade há muitos que confessam seus erros, tão somente na esperança de escapar da sentença.
Houve muitas práticas desumanas destes filhos da violência nos anos 1206 a 1228. Durante este período houve um tão grande número de os Pobres Homens de Leon, também chamados valdenses, que foram presos na maioria dos países da Europa que os arcebispos de Arles, Norbone, estando reunidos em Navignon, no ano 1228, tiveram compaixão dos miseráveis, que eles disseram que os inquisidores haviam preso tão grande número de valdenses, que não era possível encontrar tantas pedras para construir prisões para eles, e portanto que os deixassem soltos até saber mais detalhes do papa.
A verdade sobre a inquisição e seus atos temos dos próprios inquisidores. Os valdenses foram perseguidos em tão grande escala que ninguém podia alegar ignorância por ter participado da Santa Ceia com eles.
* No ano 1. 400 - Os habitantes do Vale de Pragela viviam em sossego. Era natal e uma grande tempestade estava para sobrevir-lhes. O papado une-se aos vizinhos para uma cruzada e avançam em direção ao território valdense. Milhares de valdenses com seus filhos nos braços fogem para uma das mais elevadas montanhas que tem sido chamado em italiano albergo, porque o pobre povo buscou ali refúgio. Na fuga um grande número deles foi pego pelos perseguidores, cujos pés se apressavam para derramar sangue. O remanescente foi apanhado pelas trevas da noite, e vagueou sem rumo na neve, até que suas juntas congelaram pelo frio intenso, de tal forma que muitas mães com os filhos nos braços foram encontrados congelados no dia seguinte pelos perseguidores. Um terrível espetáculo para ser contemplado.
Alguns que escaparam foram para Provença e o resto para a Calábria e lugares adjacentes.
Bulas foram promulgadas em 28 de Novembro de 1475.
Um pouco mais tarde o papa vendo que a perseguição não mudava sua conciência:
1. Resolveu promulgar medidas mais duras, e tendo indicado albertus de Capitaneis, arqui-diácono de Cremona para ser seu Legado e Representante geral para aquele assunto,
2. ele o enviou com bulas e ordens para todos os senhores e príncipes, em cujo domínio se encontravam os valdenses, para incitá-los a auxiliar o legado do papa com exército suficiente, para exterminar todos os valdenses e os Pobres Homens de Leon, que habitavam em seus domínios.
3. Isso ocorreu no ano 1487, com a bula do papa Inocêncio VIII.