Descrição das perseguições contra os valdenses no período - dos anos 1. 315 a 1487:
E. G. WHITE, COMENTA:
- Durante séculos as igrejas do Piemonte mantiveram-se independentes; mas afinal chegou o tempo em que Roma insistiu em submetê-las. . . A própria existência deste povo, mantendo a fé da antiga igreja, era testemunho constante da apostasia de Roma, e portanto excitava o ódio e perseguição mais atroes. Sua recusa de renunciar às Escrituras era também ofensa que Roma não podia tolerar. Decidiu-se ela a exterminá-los da Terra. Começaram então as mais terríveis cruzadas contra o povo de Deus em seus lares montesinos. Puseram-se inquisidores em suas pegadas, e a cena do inocente Abel tombando ante o assassino Caim repetia-se freqüentemente.
Reiteradas vezes foram devastadas as suas férteis terras, destruídas as habitações e capelas, de maneira que onde houvera campos florescentes e lares de um povo simples e laborioso, restava apenas um deserto. Assim como um animal de rapina se torna mais feroz provando sangue, a ira dos sectários do papa acendia-se com maior intensidade com o sofrimento de suas vítimas. Muitas destas testemunhas da fé pura foram perseguidas através de montanhas, e caçadas nos vales em que se achavam escondidas, encerradas por enormes florestas e píncaros rochosos.
Nenhuma acusação se poderia fazer contra o caráter moral da classe proscrita. Mesmo seus inimigos declaravam serem eles um povo pacífico, sossegado e piedoso. Seu grande crime era não quererem adorar a Deus segundo a vontade do papa. Por tal crime, toda humilhação, insulto e tortura que homens ou diabos podiam inventar, amontoaram-se sobre eles. - O Grande Conflito, págs, 61,73.
J. A. WYLIE, COMENTA
- Wylie, influente historiador Presbiteriano do Século XIX, comenta as primeiras perseguições:
- Uma das primeiras datas da história de perseguição deste povo é aproximadamente o ano 1. 332, pois o ano não é claramente definido. O papa reinante era João XXII. Este passa desejoso de reassumir a obra do papa Inocêncio III, ordenou que inquisidores fossem enviados para os vales de Lucerna e Perosa, para executar as leis do Vaticano contra aqueles hereges que habitavam aquelas regiões.
Qual foi o sucesso que foi obtido desta expedição não é conhecido. Apenas sabemos que a bula ordenava medidas drásticas contra a florescente condição da igreja valdense, pois argumentavam que Sínodos que o papa chamava de Chapters, eram realizados no Vale de Angrona, nos quais participavam 500 delegados. Isto foi antes de Wicleff iniciar seu ministério na Inglaterra. - Comparar Antoine Monastier, History of the Vaudois Church, p. 121 - com Alexis Muston, Israel of the Alpes, p. 8
* Depois desta data praticamente não houve um papa que não desse preocupante testemunho do grande número e expansão dos valdenses:
1. Em 1. 352 encontramos o papa Clemente VI incumbindo o bispo Embrun, com quem ele associa um frade franciscano e inquisidor, para fazerem a purificação daquelas partes próximos a sua diocese que eram conhecidos por terem sido infectados com heresia.
2. Os senhores de terras e prefeitos das cidades foram convidados para ajudá-los.
* Enquanto preocupado com os hereges dos Vales, o papa não esqueceu os hereges mais distantes:
1. O papa apelou para Carlos da França e Louis rei de Nápoles, investigar e punir todos aqueles súditos que se haviam extraviado da fé.
2. Clemente VI sem dúvida estava fazendo referência às colônias vaudois que naquele tempo sabia-se estar naquela região.
3. A realidade é que a heresia das montanhas valdenses se estenderam para as planícies que se achavam ao pé de suas montanhas, é confirmado por uma carta para Joana, esposa do rei de Nápoles, que dominava as terras no marquisato de Saluzzo, perto dos vales, exigindo-lhe que purificasse de seu território de todos os hereges que alí viviam. - Monastier, p. 123.
4. O zelo do papa todavia foi muito parcamente apoiado pelos senhores seculares. Os homens que eles haviam sido incumbidos a exterminar eram os mais talentosos e pacíficos de seus súditos. E embora esses governantes tinham respeito e obrigações para com o papa, eram naturalmente contrários a esta ordem que eliminaria a parte mais fiel e diligente de seus súditos. Além disso os príncipes daquelas épocas estavam em freqüente guerra uns com os outros, e não tinham tempo de folga ou inclinação para entrar na guerra em favor do papa.
* Portanto os trovões papal algumas vezes não foram sentidos naquelas montanhas nativas e vales dos valdenses, como também:
1. Foram maravilhosamente neutralizados até bem próxima da era da Reforma.
2. Encontramos Gregório XI em 1. 373 escrevendo a Carlos V da França, para reclamar que seus oficiais neutralizaram os inquisidores em Dauphine; que aos juízes papais não eram permitidos instituir processos contra os suspeitos sem o consentimento dos juízes civis; que o desrespeito ao tribunal espiritual era algumas vezes levado tão longe a ponto de libertar hereges condenados da prisão. - Monastier, p. 123.
3. Não obstante esta condescendência - tão culpada aos olhos de Roma por parte dos príncipes e magistrados, os inquisidores fizeram muitas vítimas. Estes atos de violência provocaram a represália em certas ocasiões por parte dos valdenses. Em 1. 375 um convento dominicano foi invadido e o inquisidor morto. Outros dominicanos foram chamados para expiar o rigor que demonstravam contra os valdenses com sua própria vida. Um inquisidor de Torino é mencionado ter sido morto na estrada perto de Bricherasia. - Monastier, p. 123.
* Então vieram aqueles maus dias para os papas. Primeiro eles foram para Avignon. Depois veio uma calamidade maior - o Cisma. Mas os problemas dos papas não tiveram efeito em subjugar seus corações em relação aos confessores valdenses.
Durante a nebulosa era do cativeiro dos papas e os dias tempestuosos do cisma, os papas prosseguiram com o mesmo inflexível rigor de sua política de exterminar. Seus editos fulminantes continuaram, e os inquisidores foram encorajados a invadir os vales e perseguir as vítimas. O inquisidor Borelli, levou 150 homens além de grande número de mulheres, moças e mesmo crianças, a Grenoble, onde foram queimados. - Monastier, 124.