

Compilação
Sua experiência de conversão:
Em março de 1840 Guilherme Miller visitou Portland, (Maine) e fez uma série de pregações sobre a segunda vinda de Cristo...
No verão seguinte meus pais foram às reuniões da assembléia metodista em Buxton, (Maine), levando-me consigo. Eu estava plenamente resolvida a buscar fervorosamente ao Senhor ali, e alcançar o possível perdão de meus pecados, sentia de coração grande anelo pela esperança cristã e pela paz que vem com o crer.
Muito me animei ouvindo um sermão com as palavras -- "Irei ter com o rei,... e, perecendo, pereço."Ester 4:6. Em suas considerações, o orador referiu-se àqueles que vagavam entre a esperança e o temor, anelando serem salvos de seus pecados e receberem o amor remissório de Cristo, e no entanto, pela timidez e receio de fracasso, se conservavam em dúvida e escravidão. Aconselhava a tais que se entregassem a Deus, e sem demora confiassem em Sua misericórdia. Encontrariam um Salvador compassivo, pronto para lhes apresentar o cetro de misericórdia, assim como Assuero ofereceu a Ester o sinal de seu favor. Tudo que se exigia do pecador, trêmulo ante a presença de seu Senhor, era que estendessem a mão da fé, e tocassem o cetro de Sua graça. Aquele toque asseguraria perdão e paz.
Aqueles que estavam esperando tornar-se mais dignos do favor divino antes de se arriscarem a alcançar as promessas de Deus, estavam cometendo um erro fatal. Somente Jesus purifica do pecado; apenas Ele pode perdoar-nos as transgressões. Ele assumiu o compromisso de ouvir as petições e deferir as orações dos que pela fé a Ele recorrem. Muitos tem a idéia vaga de que devem fazer algum esforço extraordinário a fim de alcançar o favor de Deus. Toda confiança própria, porém, é vã. É ùnicamente ligando-se a Jesus pela fé, que o pecador se torna filho de Deus, cheio de esperança e crença.
Estas palavras me consolaram, e deram-me uma visão do que eu devia fazer para ser salvo.
Passei então a ver mais claramente o meu caminho, e as trevas começaram a dissipar-se. Ardorosamente busquei o perdão de meus pecados, e esforcei-me para entregar-me inteiramente ao Senhor. Meu espírito, porém, debatia-se muitas vezes em grande angústia, pois eu não experimentava a estase espiritual que considerava ser prova de minha aceitação da parte de Deus, e não ousava crer que, sem isso, estivesse convertida. Quanto necessitava eu de instrução no tocante à simplicidade da fé!
Enquanto permanecia curvada junto ao altar da oração em companhia de outros que buscavam ao Senhor, toda a linguagem do meu coração era: "Auxilia-me, Jesus; salva-me, eu pereço! Não cessarei de rogar enquanto minha oração não for ouvida e perdoados os meus pecados." Como nunca dantes sentia minha condição necessitada e desamparada.
Enquanto me achava de joelhos e orava, meu fardo deixou-me, e meu coração obteve alívio. A princípio me sobreveio um sentimento de susto e procurei retomar meu fardo de angústias. Julgava-me não ter o direito de sentir-me alegre e feliz. Mas Jesus parecia estar perto de mim; sentia-me capaz de achegar-me a Ele com todos os meus pesares, infelicidades e e provações, assim como o faziam os necessitados em busca de consolo, quando Ele esteve na Terra. Eu tinha no coração a certeza de que Ele compreendia minhas provações e comigo simpatizava. Nunca poderei esquecer essa segurança preciosa da compassiva ternura de Jesus para com alguém tão indigno de Sua atenção. Naquele curto período de tempo em que fiquei prostrada entre os que oravam, aprendi mais do que nunca dantes acerca do caráter divino de Cristo.
Uma das mães em Israel aproximou-se de mim e disse:"Querida filha, achastes a Jesus?"Eu estava para responder "Sim", quando ela exclamou:"Verdadeiramente O achaste: Sua paz está contigo, eu a vejo em teu semblante!"...
Logo depois encerrou-se a assembléia, e partimos para casa. Eu tinha a mente repleta dos sermões, exortações e orações que ouvíramos. Tudo na natureza parecia mudado. Durante as reuniões, nuvens e chuva haviam prevalecido a maior parte do tempo, e meus sentimentos haviam estado em conformidade com o tempo. Agora o sol resplandecia brilhante e luminoso, e inundava a terra de luz e calor. As árvores e a relva eram de um verde mais vivo; o céu, de um azul mais profundo. A terra parecia sorrir com a paz de Deus. Igualmente, os raios do sol da Justiça me haviam penetrado as nuvens e trevas do espírito, e afugentado a tristeza.
Parecia-me que cada qual deveria estar em paz com Deus, e animado de Seu Espírito. Todas as coisas sobre que meus olhares repousavam, pareciam ter passado por uma mudança. As árvores eram mais bonitas, e os pássaros cantavam com mais suavidade do que nunca; pareciam estar louvando o Criador.
Minha vida aparecia-me sob uma luz diferente. A aflição que me obscurecera a meninice, dir-se-ia ter intervindo misericordiosamente em meu favor, para minha felicidade, desviando-me o coração do mundo e de seus prazeres, que não satisfazem, e inclinando-me para as atrações duradouras do Céu.
Logo depois de nossa volta da assembléia, eu, juntamente com vários outros, fiz profissão de fé na igreja. Preocupava-me muito o assunto do batismo. Jovem como era, não podia ver senão uma única maneira de batismo autorizada nas Escrituras, e essa era a imersão. Algumas de minhas irmãs metodistas procuraram debalde convencer-me de que a aspersão era batismo bíblico.
Finalmente nos foi marcado o tempo em que receberíamos essa solene ordenança. Foi num dia ventoso que nós, em número de doze, fomos ao mar para sermos batizados. As ondas encapelavam-se e batiam, contra a praia: mas, em havendo eu tomado essa pesada cruz, minha paz era semelhante a de um rio. Quando saí da água, senti-me quase sem forças, pois o poder do Senhor repousava sobre mim. Senti que dali em diante não era deste mundo, mas surgia daquele como que túmulo líquido, para uma novidade de vida.
No mesmo dia à tarde fui recebida na igreja com todas as prerrogativas de membro. Vida e Ensinos, págs 16-20.