

Colportagem valdense
- Em: História
- Por: Pasquale Lemmo
MISSIONÁRIOS VALDENSES - MODELO DOS EVANGELISTAS E PASTORES NA VOCAÇÃO DE COLPORTORES
E. G. White, comenta:
- Os ministros valdenses eram educados como missionários, exigindo-se primeiramente de cada um que tivesse a expectativa de entrar para o ministério, aquisição de experiência como evangelista. Cada um deveria servir três anos em algum campo missionário antes de assumir o encargo em uma igreja em seu país. Este serviço, exigindo logo de começo renúncia e sacrifício, era introdução apropriada à vida pastoral naqueles tempos que punham à prova a alma. Os jovens que recebiam a ordenação para o sagrado mister, viam diante de si, não a perspectiva de riquezas e glória terrestre, mas uma vida de trabalhos e perigo, e possivelmente o destino de mártir. Os missionários iam de dois em dois, como Jesus enviara Seus discípulos. Cada jovem tinha usualmente por companhia um homem de idade e experiência, achando-se aquele sob a orientação do companheiro, que ficava responsável por seu ensino, e a cuja instrução se esperava que seguisse. Esses coobreiros não estavam sempre juntos, mas muitas vezes se reuniam para orar e aconselhar-se, fortalecendo-se assim mutuamente na fé.
Tornar conhecido o objetivo de sua missão seria assegurar a derrota; ocultavam, portanto, cautelosamente seu verdadeiro caráter. Cada ministro possuía conhecimento de algum ofício ou profissão, e os missionários prosseguiam na obra sob a aparência de vocação secular. Usualmente escolhiam a de mercador ou vendedor ambulante. "Levavam sedas, jóias e outros artigos, que naquele tempo não se compravam facilmente, a não ser em mercados distantes, e eram bem recebidos como negociantes onde teriam sido repelidos como missionários. " - Wylie. Em todo o tempo seu coração se levantava a Deus rogando sabedoria a fim de apresentar um tesouro ainda mais precioso do que o ouro ou jóias. Levavam secretamente consigo exemplares da Escritura Sagrada, no todo ou em parte; quando quer que se apresentasse oportunidade, chamavam à atenção dos fregueses para os manuscritos. Muitas vezes assim se despertava o interesse de ler a Palavra de Deus, e alguma porção era de bom grado deixada com os que a desejavam receber.
A obra destes missionários começava nas planícies e vales ao pé de suas próprias montanhas mas estendia-se muito além destes limites. Descalços e com vestes singelas e poentas da jornada como eram as de seu Mestre, passavam por grandes cidades e penetravam em longínquas terra. Por toda parte espalhavam a preciosa verdade. Surgiam igrejas em seu caminho e o sangue dos mártires testemunhava da verdade. O dia de Deus revelará rica messe de almas pelos labores desses homens fiéis. Velada e silenciosa, a Palavra de Deus rompia caminho através da cristandade e tinha alegre acolhida nos lares e corações. . .
O mensageiro da verdade continuava seu caminho; mas seu aspecto humilde, sua sinceridade, ardor e profundo fervor, eram assuntos de observação freqüente. Em muitos casos o ouvinte não perguntavam donde viera ou para onde ia. Ficavam tão dominados, a princípio pela surpresa e depois pela gratidão e alegria, que não pensavam em interrogá-lo. Quando insistiam com ele para os acompanhar a suas casas, respondia-lhes que devia visitar as ovelhas perdidas do rebanho. Não seria ele um anjo do Céu? indagavam.
Em muitos casos não se via mais o mensageiro da verdade. Seguira para outros países, ou a vida se lhe consumia em algum calabouço desconhecido, ou talvez seus ossos estivessem alvejando no local em que testificara da verdade. Mas as palavras que deixara após si, não poderiam ser destruídas. Estavam a fazer sua obra no coração dos homens; os benditos resultados só no dia do juízo se revelarão plenamente.
Os missionários valdenses estavam invadindo o reino de Satanás, e os poderes das trevas despertaram para maior vigilância. Todo esforço para avanço da verdade era observado pelo príncipe do mal, e ele excitava os temores de seus agentes. Os chefes papais viram grande perigo para a sua causa no trabalho destes humildes itinerantes. Se fosse permitido à luz da verdade resplandecer sem impedimento, varreria as pesadas nuvens do erro que envolviam o povo; haveria de dirigir o espírito dos homens a Deus unicamente, talvez destruindo, afinal, a supremacia de Roma. - O Grande Conflito, págs, 67,68,72,73.
Portanto, processos de terríveis perseguições desabaram sobre os valdenses.
Froom, comenta:
- Os valdenses eram evangelistas e evangélicos. Eram um grupo missionário, que não apenas mantiveram a luz no refúgio das montanhas nativas, mas levaram o evangelho através da Europa.
1. Cada barbe era requerido servir como um missionário, e iniciar-se nos delicados deveres do evangelismo. Este treinamento ocorria sob os cuidados de um ministro mais velho, que era incumbido de treinar corretamente o jovem pastor associado.
2. Era uma antiga lei da igreja que antes de tornar-se elegível como um barbe para um cargo nos vales nativos,um homem devia servir um período como missionário, e a perspectiva de mártir estava sempre perante ele.
3. Os missionários visitavam os grupos espalhados dos valdenses.
4. Mas sua principal obra era evangelizar em cada direção - na Itália, França, Espanha, Inglaterra, Boêmia, Polônia e mesmo na Bulgária e Turquia. Seus caminhos era marcados com congregações de adoradores e com a estaca da fogueira. Podemos acompanhar suas principais atividades pelos monumentos e histórias de seus sofrimentos e morte.
5. O católico Bernard de Fontcaud amargamente reclama que eles "continuavam a espalhar perto e longe, e por todo o mundo, o veneno de sua perfídia. " Antes da inquisição eles se empenhavam em debates públicos com os católicos.
6. Depois eles seguiram outro método, ocultando a real missão sob o disfarce de comerciantes, artesões, médicos ou mascates de artigos raros que eram apenas obtidos em terras distantes, como sedas e jóias. Desta forma tinham oportunidade de vender sem dinheiro ou preço, a Palavra de Deus. Sempre carregavam porções das Escrituras, geralmente eram aquelas que eles mesmos haviam copiado.
7. A história bem conhecida da distribuição da Bíblia entre a classe mais elevada sob o disfarce de um mascate de jóias chegou até nós por intermédio de Passau o inquisidor. A rústica vestimenta de lã e os pés descalços do mascate era um vívido contraste à vestimenta de púrpura e linho fino dos sacerdotes.
8. Whittier dá um quadro belo da cena: “Oh! Boa Senhora, estas minhas sedas são belas e raras - As mais finas da Índia, que as mais belas rainhas devem usar. E as minhas pérolas são puras, como são belos os vosso pescoço. Eu as adquiri com grande sacrifício - porventura não hás de comprá-las, bondosa senhora?
OH! simpática senhora; Tenho ainda uma pérola que é a mais pura dos lustres, Resplandece mais do que o diamante das jóias da coroa usada pelo mais poderoso monarca: Ë uma maravilhosa pérola que não tem preço, cuja virtude jamais perecerá; Cuja luz será como um espelho para ti e uma bênção no teu caminho. " - John Greenleaf Whitter, The Vaudois Teacher, p. 3
T. Fenwick, comenta:
- A marca da igreja valdense: Uma candeia iluminando a escuridão da noite sob o arco de sete estrelas e o moto - Lux lucet in Tenebris - A Luz Resplandece na Escuridão. Por uma parte é um maravilhoso emblema da igreja, e por outra uma verdadeira declaração com respeito a ela, através de todos estes séculos quando "as trevas cobriam a Terra e grande escuridão os povos. "
Um dos meios que a igreja valdense usou para expandir o conhecimento da verdade, era os colportores. Estes servos de Cristo além de vender jóias e outros artigos finos, vendiam ou davam, a medida que tinham oportunidade, cópias da Palavra de Deus. Sobre isto Whitter compôs um bem conhecido poema: “The Vaudois Colporteus".
Representa alguém visitando um castelo, onde ele vende uma pérola para uma senhora rica, um membro da igreja romana. Ele então fala de uma pérola que não lhe havia ainda mostrado e descreve seu valor incomparável. A senhora promete comprar a pérola. Ele coloca uma Bíblia em suas mãos ,dizendo: “Guarda o teu ouro, eu nada cobro, pois a Palavra de Deus é gratuita. " O colportor então vai embora. Ela recebe luz do alto,mediante o estudo do Livro sagrado. Finalmente ela lança sua sorte com o "Israel dos Alpes. " Como Moisés ela escolha "antes sofrer aflição com o povo de Deus, do que desfrutar prazeres momentâneos do pecado, estimando o opróbrio de Cristo como maiores riquezas do que os tesouros da Terra, pois mantinha em vista a recompensa do galardão. " Hb. 11:24-27. -
J. A. Wylie, comenta:
- Depois de passar um certo período na escola dos barbes:
* Não era raro para os jovens valdenses prosseguirem seus estudos nas grandes cidades da Lombardia ou irem à Sorbonne de Paris.
* Ali eles viam outros, estudavam outras matérias, e obtinham um horizonte mais amplo do que nos seus nativos vales.
* Muitos dele tornavam-se eruditos na arte de falar, argumentar e convencer, e freqüentemente convenciam ricos comerciantes com quem entravam em contato comercial, ou os senhores de terras em cujas casas eles se hospedavam.
* Os sacerdotes raramente estavam dispostos a enfrentar com argumentos o missionário valdense.
Conservar a verdade em suas próprias montanhas não era o único objetivo deste povo. Sentiam sua responsabilidade com o resto da cristandade.
1. Os valdenses procuravam afastar a escuridão e reconquistar o reino que Roma havia subjugado.
2. Eram tanto uma igreja evangelística como evangélica.
3. Existia uma antiga lei entre eles que todos aqueles que se preparassem para o ministério, antes que fossem eleitos para missões em seus vales nativos, deviam servir por três anos nos campos missionários. Os jovens em cuja cabeça os barbes reunidos colocavam suas mãos viam diante de si a perspectiva não agradável e fácil, mas uma possível morte de mártir. Seu campo missionário eram as regiões que se estendiam para além do pé das montanhas nativas.
Iam de dois em dois, ocultando o caráter de sua missão sob o disfarce de uma profissão secular, e mais comumente a de comerciante ou mascote.
* Levavam consigo jóias e outros artigos, naquele tempo não facilmente adquiridos exceto em distantes mercados, e eles eram bem recebidos como mascotes onde eles seriam afugentados como missionários.
* Á porta do pequeno comércio como também os portões dos castelos dos barões, de igual forma se abriam para eles. Mas seu discurso era principalmente revelado em vender, sem dinheiro e sem preço, uma mercadoria mais rara e mais valiosa do que as sedas e as jóias que lhes abriram as portas. Tomavam cuidado com elas, ocultando-as entre os pertences ou mesmo nas suas vestes, porções da Palavra de Deus, geralmente os manuscritos por eles mesmos copiados, e, para estes escritos eles chamavam a atenção de seus clientes. Quando percebiam um desejo deles de a possuírem, eles lhe davam como presente onde não podia ser adquirida.
Não houve reino algum, no centro e no sul da Europa onde esses missionários não penetrassem, e não deixavam nenhuma pista de sua visita nos discípulos que eles formavam:
1. No ocidente eles penetraram na Espanha.
2. No sul da França encontraram amigos companheiros nos albigenses, por quem as sementes da verdade foram espalhadas em Dauphine e Languedoque.
3. Ao oriente, descendo os rios Reno e Danúbio, eles levedaram a Alemanha. Boêmia e a Polônia com suas doutrinas, - sua passagem sendo marcada por templos de adoração e as fogueiras do martírio que acompanhavam seus caminhos. O historiador Leger diz que os valdenses no ano 1210, tinham igrejas na Eslavônia, Sarmátia e Livônia.
4. Mesmo na cidade das Sete Colinas eles não temeram entrar, semeando em terreno arenoso, na esperança que pudesse criar raízes e crescer.
5. Seus pés descalços e vestes de lã os tornavam pessoas singulares nas ruas de uma cidade, onde os sacerdotes se vestiam a si mesmos em púrpura e linho fino. E quando era descoberto sua real missão, como algumas vezes ocorria, os governantes da cristandade, seguindo métodos de perseguição e fogueira "acabavam aguando a semente com o sangue dos homens que a havia semeados. " McCrie, Hist. in Italy, pág. 4.
Assim foi a Bíblia espalhada naqueles séculos. Velada e silenciosa, a Palavra de Deus rompia caminho através da cristandade e tinha alegre acolhida nos lares e corações.
De seu exaltado trono Roma olhava com menosprezo sobre o Livro e seus humildes defensores.
* Roma almejava subverter os reis, pensando que se permanecessem ignorantes não ousariam se revoltar.
* E, portanto, pouca atenção deu a um poder que, fraca como parecia ser, estava destinado no futuro a quebrar a fábrica de seu domínio.
* Pouco a pouco Roma começou a se inquietar. O penetrante olho de Inocêncio III detectou justamente a fonte de onde o perigo estava surgindo. Ele viu nos labores desses humildes homens o começo de um movimento que, se permitisse prosseguir e obter força haveria de desmoronar tudo o que Roma havia alcançado durante séculos de intriga, engano e astúcia. Então sem demora o papa começou aquelas terríveis cruzadas que esmagou os semeadores mas regou a semente, ajudando a produzir na sua hora indicada, a obra reformatória evangélica no Século XVI, que o papa procurara evitar. -