Os duzentos anos que precederam a Pedro Valdo foram momentosos na História Eclesiástica. Baronius, um zeloso historiador católica descreveu o Século X, como o século de ferro, caracterizado por grande depravação em todos os setores da sociedade, e grande ignorância da religião entre o povo comum e os sacerdotes.
Mas o pináculo de glória temporal e espiritual do papado estava se aproximando. Com o papa Gregório VII, na segunda metade do Século XI, e os papas que se seguiram até o papa Inocêncio III,o papado haveria de decretar, impor e por algum tempo desfrutar quase em sua plenitude as bandeiras principais de sua ambição política espiritual: Que a igreja de Roma nunca errou no passado e tampouco erraria no futuro; que os governantes reais das nações devem prestar juramento de submissão ao papa e seus sucessores; que o papa tem o direito de destronar os governantes insubmissos; que os hereges devem ser cassados, presos, julgados por representantes civis e eclesiásticos, e finalmente, entregues ao poder civil para todo tipo de castigo, ou morte; que o papa é o vigário de Cristo na Terra e que seus decretos devem ser implicitamente obedecidos; etc.
Mas houve reação. Em diversas partes da Europa, durante esse período surgiram reformadores, pregadores eloqüentes, mas que foram perseguidos, e muitos deles finalmente presos ou queimados. Mas a obra de Claudio bispo de Torino, de Pedro Bruys e Henrique de Laucerne, nas primeiras décadas do Século XII, e alguns outros que se levantaram, não foi em vão. Despertaram multidões, formaram discípulos, plantaram convicções em corações que haveria de frutificar e serem atraídos, quando, nas últimas décadas do Século XII, o reavivamento de Pedro Valdo avançasse por toda a Europa.
Mas de todos os reformadores que se levantaram nesse período, o mais importante foi Pedro Valdo de Leon. As características dos discípulos de Pedro Valdo revelaram os frutos de uma genuína reforma que produz mudança de vida e zelo pela verdade. O movimento foi fundamentado na Bíblia; no retorno à simplicidade de vida e costumes nos cristãos que se convertem; e no privilégio e responsabilidade de cada cristão pregar a Palavra, viver em harmonia com a Palavra e difundir a Palavra em todas as classes, ou seja o privilégio e responsabilidade de ser missionário. Todo avivamento fundamentado nas Escrituras e que exalta e enfatiza os ensinos e exemplo de Cristo, produzem genuínas conversões, pois o Espírito Santo inculca essas impressões no coração. Quando a Palavra de Deus é pregada, explicada, aceita no coração, e espalhada para alcançar corações sedentos pela verdade, torna-se para todos eles uma lâmpada: “Lâmpada para os meus pés é a tua Palavra e luz para os meus caminhos. "Sl. 119:105.
Sobre a vida e obra de Pedro Valdo extraímos importantes comentários de alguns historiadores de renome:
* Pedro Valdo tornou-se uma fonte de novo impulso missíonário. A antiga igreja valdense do Piemonte teve um reavivamento sob Pedro Valdo. Valdenses, um tronco com muitos galhos: Froom, historiador adventista, comenta:
-Pedro Valdo, rico comerciante de Leon, começou sua obra evangélica cerca do ano 1173. A experiência de Pedro Valdo é semelhante a de Lutero. A morte de um amigo causou-lhe profunda impressão. Distribuiu sua fortuna, devotou-se ao evangelho. Uma parte de seus recursos empregou na tradução das Escrituras na língua do vernáculo , entendida pelo povo. Empregou pregadores que viajavam e advertiam o povo. Denunciavam a igreja romana como Babilônia. Proibidos de pregar pelo arcebispo Valdo apela para o papa Alexandre III, que aprovou o voto de pobreza, mas não o autorizou a pregar.
Sem autorização papal eles agora prosseguem na missão. Pedro Valdo foi perseguido e refugiou-se sucessivamente para Dauphine, Bélgica, Picardia, Alemanha e Boêmia, onde morreu.
Seus seguidores se espalharam pelo sul da França, pelo Piemonte e Lombardia, em cujos lugares, "eles se misturaram com outros hereges, absorvendo e propagando"os ensinos de seitas mais antigas; - mencionado por Stephen de Bourbon, nos processos de inquisição de Curcussonne,
Os seguidores de Pedro Valdo resolutamente apoiaram os princípios dos cristãos dos vales do Piemonte. Até à época de Pedro Valdo, os habitantes do norte da Itália, estiveram mais reclusos às suas terras e montes. O surgimento dos Pobres Homens de Leon, foi instituído uma nova ordem de pregadores, e os valdenses dos vales foram estimulados agora a um grande impulso missionário em todas as partes da Europa. Desta poderosa característica missionária os próprios inimigos dão testemunho - Passau o inquisidor, Pilichdorf, Buchard de Ursperg, Thuonus, e outros.
A linguagem do inquisidor Passau é: “Os Leonistas são de antogos hereges, mais antigos do que os arianos e maniqueus. Mas os Pobres Homens de Leon, como também os membros da seita mais antiga, são também chamados Leonistas, e são os hereges modernos, tendo sido fundada pelo rico comerciante de Leon.
Os seguidores de Pedro Valdo se misturaram com vários grupos,e o nome valdense era o nome dado a muitas variações locais e fusões de grupos religiosos. O nome valdense foi usado por alguns escritores para designar uma grande variedade de grupos separados. Havia uma íntima ligação entre os antigos valdenses e os grupos mais recentes: "Os Irmãos Valdenses"ou Picardes; os Irmãos da Boêmia que procuraram ordenação de um pastor Valdense, e que sem dúvida absorveram os princípios valdenses. Todos eles eram chamados valdenses por seus inimigos.
As ramificações dos valdenses que se espalharam pela Europa não pode ser perfeitamente traçada. Houve muitas ramificações surgidas de um protesto comum - uma reação contra a corrupção da igreja dominante. Na França eram chamados os Homens Pobres de Leon; na Itália, os Homens Pobres da Lombardia. Algumas vezes eram chamados de Insabbatati.