

Você é mesmo livre?
- Em: Jovem
- Por: Redação CrescerMais
Muitas pessoas que se autointitulam livres se contradizem quando buscam irracionalmente paz e felicidade em coisas banais ou relacionamentos volúveis.
“Sou livre. Faço o que quero e como quero”. Essa é uma das expressões mais pronunciadas pelas pessoas. Afirmar que somos livres é uma das coisas mais bonitas e agradáveis de falar para os outros e para nós. Algumas vezes, no entanto, aplicamos o conceito de liberdade de forma errada. Corremos o risco de usar essa frase para justificar atitudes egoístas, impulsivas e imaturas que podem criar formas de escravidão enquanto procuramos a liberdade.
Vivemos pregando e buscando a liberdade. Mas o que é liberdade? Expressão dos pensamentos e segurança dos direitos democráticos que permeiam uma sociedade ou um conceito que varia de acordo com nossas questões pessoais? Ser livre é fazer mesmo o que queremos como queremos e na hora que queremos como muitos dizem?
Muitas pessoas que se autointitulam “livres” se contradizem quando buscam irracionalmente paz e felicidade em coisas banais ou relacionamentos volúveis. Afirmam que precisam de um determinado objeto, status ou pessoa para ser feliz. Ou às vezes, apesar de não admitirem sua dependência, demonstram que são escravas das circunstâncias, dos impulsos, da falta de amor próprio, se tornando prisioneiras de si mesmas.
Uma vez ouvi que “o amor traz liberdade”, mas antes que você discorde dessa afirmativa, pensemos se isso faz sentido. Vivemos numa sociedade em que muitos estão em uma busca incessante e inconsequente pela liberdade, vivendo de parâmetros superficiais que não preenchem o vazio que têm. Alguns se anulam em relacionamentos porque acham que não conseguem ficar sozinhos, outros saem de casa, e com vergonha de suas origens, tentam mostrar para os “amigos” que não se submetem a regras ultrapassadas.
Têm aqueles também que emergem no mundo dos vícios gritando para o mundo que são “donos da própria vida”, e assim, ficam presos num universo de que não conseguem mais sair, passando do status de donos da vida para escravos do vício.
Mas, como a decisão de fazer o que queremos pode não ser uma das manifestações do nosso estado de indivíduos livres? Às vezes, pensamos ser livres, mas nos esquecemos de dominar nossas ações e impulsos porque já conseguimos nos contaminar com o conceito superficial de liberdade. Então mesmo tendo um momento sóbrio de lembrar o que é melhor, acabamos escolhendo o pior porque assim estaremos afirmando para os outros que “somos livres”. Livres de regras, livres de valores impostos pela sociedade e da dominação religiosa.
O interessante é observar que enquanto nos afundamos nessa liberdade que nos dá o direito de consumir loucamente, negar valores de respeito, fidelidade e amor nos relacionamentos e de reconhecer que não somos tão fortes quanto imaginamos ser, não estamos indo contra princípios impostos pela religião, sociedade, ou seja lá o que for, mas sim contra nossas vidas.

As pessoas confundem preceitos humanos religiosos com a vontade de Deus, preconceitos humanos como valores divinos e por aí vai. E nós confundimos liberdade com libertinagem. Por isso, quando fazemos más escolhas porque nos sentimos “livres” e as conseqüências chegam, culpamos a Deus ou as pessoas. Às vezes também, não culpamos os outros, mas ficamos presos em nossos fracassos.
Fazemos isso porque não conhecemos a verdadeira liberdade. Não buscamos saber o que somos e nem porque estamos aqui, com humildade e sede de conhecimento, lembrando que somos limitados. Pelo contrário, preferimos nos inflar do orgulho e da vaidade, afirmando que somos independentes e donos da própria vida.
A gente se esquece de que o universo é regido pela lei do Amor; o oxigênio não nos falta e nem nos sufoca, todos os órgãos do nosso corpo estão em harmonia, e por quê? Para você sair fazendo besteiras contra si e as outras pessoas, se enganando e ainda divulgando nas redes sociais para dar ibope? Sua liberdade é isso? Você nasceu livre, livre para escolher o que é melhor, não para fazer o que dizem por aí ser o melhor.
Relacionar amor à liberdade não é besteira. Quando a gente ama, ama a vida, ama a si próprio, ama o próximo e não sai fazendo simplesmente o que “dá na cabeça”.
Ser livre não é simplesmente sair gritando e repetindo as mesmas ideologias ilusórias que a maioria tem sobre a liberdade e nem fazer o que quer, como quer, na hora quer, isso é ser irracional. Ser livre é saber discernir o que é melhor para você. É saber dizer não para você e para os outros quando as crises aparecem e a sua consciência lhe mostra o rumo certo a seguir. Aí cabe a você decidir se será livre ou não.
Por isso, a liberdade provém do amor. Mas, falo de um amor não apenas como sentimento, mas de um amor como um princípio que rege a sua vida e lhe proporciona a verdadeira liberdade – a liberdade de espírito.

Por Rayssa Santos, Jornalista.