

A alma é imortal?
- Em: Teologia
- Por: Alfons Balbach
A errônea crença na imortalidade da alma não se baseia em nenhuma declaração bíblica. Encontramos, na Bíblia, cerca de quatrocentas vezes a palavra “alma”, e aproximadamente quatrocentas e cinqüenta vezes a palavra “espírito”, mas nunca lhes é ligada a ideia de imortalidade inata.
Se os protestantes crêm na imortalidade da alma, não é porque tenham encontrado, na Escritura, fundamento para essa crença, mas simplesmente porque a herdaram inadvertidamente da igreja católica, a qual, por sua vez, a derivou da filosofia dos povos pagãos, incorporando-a à religião, no princípio da tenebrosa Idade Média, quando o paganismo invadiu a igreja e acarretou apostasia da doutrina original contida nas Sagradas Escrituras. Foi então aceito grande número de erros graves. “Destaca-se, entre outros, o da crença da imortalidade natural do homem e sua consciência na morte. Esta doutrina lançou o fundamento sobre o qual Roma estabeleceu a invocação dos santos e a adoração da Virgem Maria. Disto também proveio a heresia do tormento eterno para os que morrem impenitentes, a qual logo de início se incorporara à fé papal. Achava-se então preparado o caminho para a introdução de ainda outra invenção do paganismo, a que Roma intitulou purgatório e empregou para amedrontar as multidões crédulas e supersticiosas. Com esta heresia se afirma a existência de um lugar de tormento, no qual as almas dos que não mereceram condenação devem sofrer castigo por seus pecados, e do qual, quando libertas da impureza, são admitidas no Céu”. - E. G. White, O Conflito dos Séculos, pág. 55.
Foi a manifestação de agentes satânicos (anjos caídos), disfarçados em espíritos desincorporados de pessoas defuntas, que deu origem à crença na imortalidade da alma. Desde tempos remotos, a comunicação com supostos espíritos de mortos tem sido a base da idolatria pagã. A manifestação desses anjos caídos, em forma de almas de pessoas mortas, é uma farsa com que Satanás procura dar vida à mentira por ele lançada no princípio do mundo: “Certamente não morrereis” (Gênesis 3:4).
O homem não possui imortalidade inata. Disse Deus ao primeiro homem posto no mundo: “De toda árvore do jardim comerás livremente; mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás’ (Gênesis 2:16-17). Satanás, porém, contradisse esta afirmação divina com a seguinte mentira: “Certamente não morrereis”. Eis o fundamento da doutrina da imortalidade da alma. A vida que Deus concedera ao homem era condicionada à obediência. Se obedecesse, viveria; se desobedecesse, morreria. Nestas condições, no dia em que o homem caiu em desobediência, foi pronunciada sobre ele a seguinte sentença de morte: “és pó, e em pó te tornarás” (Gênesis 3:19).
Em seguida foram tomadas providências para que o homem não pudesse perpetuar a vida, pois Deus não poderia consentir que um pecador se tornasse imortal. “Então disse o Senhor Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal; ora, pois, para que não estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma e viva eternamente; o Senhor Deus, pois, o lançou fora do jardim do Éden, para lavrar a terra de que fora tomado. E havendo lançado fora o homem, pôs querubins ao oriente do jardim do Éden, e uma espada inflamada que andava ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida” (Gênesis 3:22-24). (Grifo do autor).
Se o homem tivesse imortalidade inata, que necessidade teria ele de comer da árvore da vida a fim de perpetuar sua existência? ou que necessidade teria Deus de impedir o homem de alcançar o que este já possuía? Será que os imortalistas não veem o absurdo em que resvalam com a sua teoria? Se o homem já possuísse imortalidade, então a sentença “em pó te tornarás” seria de nenhum efeito, pois não atingiria a essência do homem, a “alma consciente e imortal”. Que vantagem há em destruir a casca em vista da impossibilidade de destruir o grão? Se o homem possuísse uma alma imorredoura, então a morte da carne não seria a morte do homem, mas sim uma continuação de vida deste sob outra forma. Mas Deus disse ao homem todo, à individualidade consciente: “Certamente morrerás.”
Caso o homem, depois da desobediência, tivesse tido acesso à árvore da vida, ter-se-ia tornado um pecador imortal. Mas o caminho da árvore da vida foi guardado por querubins, e, pois, a nenhum membro da primeira família humana foi dado comer de seu fruto. O primeiro homem, por conseguinte, não poderia transmitir à sua posteridade aquilo que ele mesmo não possuía, a imortalidade, e, por isso, não há nenhum pecador imortal.
Biblicamente, a alma é mortal, pois as palavras “corrupção”, “morte”, “morrer”, “perecer”, “matar”, etc. lhe são aplicadas. Exemplos:
“Aproximou-se a sua alma à corrupção, e a sua vida ao que traz a morte” (Jó 33:22 - F).
“ [...] Não poupou a alma deles à morte” (Salmos 78:50); “Deus livrou a sua alma para que não caminhasse à morte” (Jó 33:28 - F).
“ [...] Tu, Senhor, livraste a minha alma da morte..” (Salmos 116:8).
“ [...] aquele que fizer converter do erro do seu caminho um pecador, salvará da morte uma alma..” (Tiago 5:20).
Se a alma é imortal, como dizem, então ela não é sujeita à morte. Logo, que necessidade há de se libertar uma alma daquilo a que ela não é sujeita?
“ [...] alma morta..” (Números 6:6; 19:13 - tradução literal). “ [...] e se assentou debaixo de um zimbro e pediu para sua alma a morte..” (1 Reis 19:4 - tradução literal).
“ [...] ele desmaiou e desejou que sua alma morresse, dizendo: Melhor me é morrer do que viver” (Jonas 4:8 - tradução literal).
.. a minha alma morra a morte dos justos..” (Números 23:10).
“Eis que todas as almas são Minhas; como a alma do pai, também a alma do filho é Minha; a alma que pecar, essa morrerá” (Ezequiel 18:4).
“Vós Me profanastes entre o Meu povo, por punhados de cevada, e por pedaços de pão, para matardes as almas que não haviam de morrer, e para guardardes vivas as almas que não haviam de viver..” (Ezequiel 13:19).
.. temei antes Aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo” (Mateus 10:28).
Eis que o próprio Jesus Cristo declara que a alma é perecível.
De maneira nenhuma poderia o homem ser imortal, pois ninguém a não ser Deus possui a imortalidade inerente: “ [...] o bem-aventurado, e único poderoso Senhor. Rei dos reis e Senhor dos senhores; aquele que tem Ele só, a imortalidade..” (1 Timóteo 6:15-16).